A última denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra o ex-governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral (PMDB) surpreendeu pelo número de vezes que o ex-governador teria praticado atos de lavagem de dinheiro. Segundo os procuradores, foram 184 vezes em dez meses – mas o número, apesar de alto, não é o recorde na Lava Jato. O recordista é o ex-deputado federal Pedro Correa (PP), condenado em outubro do ano passado por lavar dinheiro por 328 vezes, segundo a sentença do juiz federal Sergio Moro.
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Este é o número de atos de lavagem de dinheiro cometidos por políticos, funcionários públicos e empresários condenados por Moro em primeira instância até agora.
A denúncia por crimes de lavagem de dinheiro é comum na Operação Lava Jato, já que os acusados precisam dar uma aparência de legalidade a recursos desviados dos cofres públicos. “A lavagem de dinheiro é praticar uma série de atos para vir a, de certa forma, modificar, alterar, conseguir mascarar o produto do crime, de forma que o criminoso possa desfrutar desses bens. De nada adiantaria, se eu vou praticar uma série de crimes que vão me gerar proveito econômico, se eu não puder utilizar desses bens ou produto do crime depois”, explicou o delegado da Lava Jato Marcio Anselmo em uma palestra sobre o assunto na última sexta-feira, dia 17.
O método para lavagem de dinheiro costuma ser variado. Para dissimular a origem de recursos ilegais, os acusados firmam contratos fictícios com empresas de fachada, enviam recursos para o exterior, utilizam o dinheiro para compra de joias e obras de arte, compram imóveis em nomes de laranja, entre outros métodos. Há casos, porém, em que o MPF não consegue provar as denúncias ao longo do processo e os réus acabam absolvidos do crime.
Recordistas
Entre os condenados na Lava Jato que mais praticaram atos de lavagem dinheiro estão, em ordem decrescente, o ex-deputado Pedro Correa (PP) (328); o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco (126); o ex-assessor de Correa Ivan Vernon (98); o publicitário Ricardo Hoffmann, o ex-deputado André Vargas (PT) e seu irmão Leon Vargas (64 cada); e o executivo Marcelo Odebrecht (50). O levantamento levou em conta políticos, funcionários públicos e empresários envolvidos na Lava Jato. Doleiros como Alberto Youssef e lobistas, que tinham como “profissão” a lavagem de recursos ilícitos, foram desconsiderados.
Políticos campeões
Levando em conta apenas o total de recursos lavados por políticos, quem alcança o topo da lista é o ex-ministro José Dirceu. Segundo a sentença de Moro, o ex-ministro lavou R$ 10,2 milhões em oito atos de lavagem de dinheiro.
Em segundo lugar no ranking fica o ex-senador Gim Argelo (PTB-DF), responsável por três atos para lavar R$ 7,3 milhões desviados na Lava Jato.
O ex-tesoureiro do PT ocupa o terceiro lugar na lista de políticos condenados por lavagem de dinheiro. Ele lavou um total de R$ 4,2 milhões, segundo a sentença de Moro.
O quarto e quinto lugar no ranking são ocupados por Pedro Correa (PP) e André Vargas (PT), respectivamente.
Valores
Apesar de ter praticado mais atos de lavagem de recursos, Pedro Correa não foi o que lidou com mais dinheiro entre os condenados por Moro. O ex-deputado praticou mais de 300 atos, mas o valor total lavado foi de R$ 2,2 milhões. O ex-parlamentar chegou a admitir no ano passado ter desviado recursos da Petrobras, mas afirmou que não teria dinheiro para pagar altas multas impostas por Moro, pois teria doado todo o dinheiro aos pobres.
O primeiro lugar no ranking de maiores valores lavados na Lava Jato, porém, fica com os executivos da Odebrecht Rogério Araújo, Marcio Faria e Marcelo Odebrecht. Eles foram condenados por Moro pela lavagem de US$ 16,6 milhões e 1,9 milhões de francos suíços – mais de R$ 55 milhões. As penas determinadas por Moro para esse crime específico foram de oito anos e quatro meses de prisão para cada um.
O executivo Gerson Almada, da Engevix, foi responsável pela lavagem de R$ 56,3 milhões. Ele realizou 47 operações e foi condenado por Moro a dez anos e seis meses de prisão – em dois processos. O executivo da Toyo Setal Julio Camargo foi condenado por Moro até agora por 50 atos de lavagem de dinheiro, envolvendo R$ 4,4 milhões, US$ 15,2 milhões e 765,8 mil euros. Também da Toyo, Augusto Mendonça lavou 45,2 milhões, segundo as sentenças do juiz federal. Os executivos firmaram acordos de colaboração premiada na Lava Jato e concordaram em devolver aos cofres públicos R$ 40 milhões e R$ 10 milhões, respectivamente.
O ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco foi condenado ao todo por 126 atos de lavagem de dinheiro, para tentar legalizar R$ 32 milhões e US$ 2 milhões. Barusco também firmou acordo de colaboração e, até agora, é o maior restituidor individual de dinheiro desviado pela Lava Jato. O ex-gerente concordou em devolver R$ 295 milhões.
Já o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa lavou ao todo, considerando todas as sentenças de Moro até agora, R$ 2,9 milhões, US$ 9,4 milhões e 1,9 milhão de francos suíços – algo em torno de R$ 37 milhões. No acordo de colaboração premiada firmado com a Lava Jato, ele prometeu devolver R$ 88,1 milhões.
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