| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Terminou sem lances o leilão de imóveis do doleiro Alberto Youssef, realizado nesta segunda-feira (30), pela internet, por determinação do juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal do Paraná. Três pessoas se habilitaram, mas não fizeram propostas para os imóveis, que juntos foram avaliados em R$ 6,9 milhões. Agora, eles irão novamente a leilão no próximo dia 13 de junho com redução de 50% nos preços. Os valores deverão ser revertidos aos cofres da Petrobras.

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No Rio, serão leiloados cinco imóveis do Campo de São Cristóvão, avaliados inicialmente em R$ 3 milhões – um sobrado e cinco terrenos. Em Salvador, estão em leilão por R$ 3,9 milhões cotas equivalentes a 37,23% do Web Hotel Salvador, divididos em nove lotes – oito lotes com avaliação inicial de R$ 418.194,06 e um de R$ 546.788,77.

Condenado a 122 anos e dois meses de prisão em nove ações da Operação Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef já tem data para sair da prisão: 17 de novembro deste ano. Graças à qualidade das informações prestadas à força-tarefa, o doleiro vai cumprir quatro meses a menos da pena mínima prevista no acordo de colaboração premiada, inicialmente de três anos. Youssef foi preso no dia 17 de março de 2014 num hotel em São Luís, no Maranhão. Momentos antes, havia entregado R$ 1,4 milhão em propina da empreiteira UTC a um emissário de João Abreu, secretário da Casa Civil de Roseana Sarney.

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Youssef é personagem chave na Lava Jato. Despontou como o principal dos quatro doleiros alvos da operação que levou ao esquema de corrupção na Petrobras. Em 2013, havia pago R$ 250 mil por uma Range Rover Evoque, faturada em nome do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.

Pelas mãos do doleiro passavam as propinas repassadas ao PP, que recebia valores da diretoria de Abastecimento comandada por Costa. O esquema incluía várias empresas de fachada, como a construtora Rigidez e a MO Consultoria. Ao depor, Youssef contou que outras áreas da estatal tinham também seus operadores, como Fernando Soares, o Baiano, operador do PMDB que atuava na área internacional, e João Vaccari Neto, do ex-tesoureiro do PT, na diretoria de Serviços. Até agora, apenas o esquema atrelado ao PMDB não foi totalmente elucidado.

Num de seus primeiros depoimentos à Justiça, Youssef afirmou que a posse de Paulo Roberto Costa na diretoria de Abastecimento da Petrobras foi precedida de pressão política, com parlamentares trancando a pauta do Congresso por 90 dias.

Youssef nasceu em Londrina, no Norte do Paraná. Fez carreira como contrabandista de produtos trazidos do Paraguai e, mais tarde, se tornou doleiro. Flagrado no caso Banestado, que envolveu remessas de mais de US$ 130 bilhões ao exterior, fechou acordo de delação premiada e ajudou a identificar os dono do dinheiro. Na Lava Jato, fez o mesmo ajudando a decifrar a divisão da propina espalhada por todos os negócios da Petrobras.

Quando o doleiro anunciou o acordo, o advogado dele, Antonio Figueiredo Basto, afirmou que a delação seria “ um fato histórico” e ajudaria a “desvendar um dos maiores escândalos do país”, atingindo também os políticos que estavam por trás da corrupção.

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O doleiro sempre se defendeu dizendo que não foi ele o criador do esquema de corrupção, pois funcionava apenas como “parte da engrenagem”. Foi ele quem apresentou a figura do “operador do esquema”, assim como Marcos Valério, o operador do mensalão.

A pena de mais de 37 anos de prisão de Marcos Valério serviu para incentivar Youssef a falar tudo o que sabia sobre o esquema.

Basto costuma lembrar que, no mensalão, as penas dos políticos foram bem menores do que a do publicitário Marcos Valério e que eles saíram da cadeia muito mais rápido. Valério foi condenado em 2012 e cumpre pena desde novembro de 2013 na penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, Minas Gerais. Youssef deve ficar, no total, 989 dias na cadeia.

Além do acordo de delação assinado com a Justiça brasileira, Youssef espera firmar cooperação também com a Justiça americana e, quem sabe, ganhar green card para morar nos Estados Unidos.

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