“Ela não ter me recebido foi como ter levado um tombo. E quando se leva um tombo, a música que lembro e gosto de cantar é: levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”, cantou o petista| Foto: Wilson Dias - Abr/Wilson Dias - Abr

“Chorei, não procurei esconder/Todos viram, fingiram/Pena de mim, não precisava/Ali onde eu chorei/Qualquer um chorava/Dar a volta por cima que eu dei/Quero ver quem dava/Um homem de moral não fica no chão/Nem quer que mulher/Venha lhe dar a mão/Reconhece a queda e não desanima/Levanta, sacode a poeira/E dá a volta por cima”. O refrão do samba de Paulo Vanzolini foi o escolhido pelo secretário de Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo, Eduardo Suplicy (PT), para definir seu sentimento, cantado, após não ser recebido pela presidente Dilma Rousseff.

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Nesta terça-feira, Suplicy enviou sua 21ª carta, em dois anos, à presidente solicitando uma audiência para tratar “sobre a constituição de um grupo de trabalho para estudar as etapas da instituição da Renda Básica de Cidadania, conforme diz a lei 10.835/2004, aprovada por todos os partidos no Congresso Nacional e sancionada pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva há 11 anos”. O encontro havia sido marcado na semana passada para a tarde da última segunda-feira. No entanto, foi desmarcado em cima da hora, quando o secretário já estava em Brasília.

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“Ela não ter me recebido foi como ter levado um tombo. E quando se leva um tombo, a música que lembro e gosto de cantar é: levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”, cantou o petista.

Perseverante, Suplicy reiterou, na carta de hoje, sua “fé e esperança” em ser recebido pela presidente e se disse triste por ter perdido seu melhor presente de aniversário. O petista completou 74 anos no último sábado. “Eu tinha ficado super feliz quando ela marcou a audiência, foi meu melhor presente de aniversário. Claro que fiquei triste quando cancelaram, ela tinha dito que iria me receber com um bolo. Fiquei sem bolo e triste”.

Em Brasília, Suplicy foi recebido pelos ministros Pepe Vargas (Direitos Humanos) e Tereza Campello (Desenvolvimento Social e Combate à Fome). E aproveitou para abrir uma conta, chamada Eduardo Fonte Cidadania, para destinar dinheiro a um fundo para a Renda Básica da Cidadania. Parte da sua remuneração de aposentaria do Senado, que ultrapassa o teto constitucional em função de seu cargo na Prefeitura de São Paulo, um total de R$ 70.055,50, foi destinado para esse fundo.

“Muito embora, do ponto de vista legal eu pudesse receber, uma vez que se trata do poder municipal e não federal, para os que duvidam da possibilidade de se obter os recursos para gerar um Fundo Brasil de Cidadania, conforme projeto que apresentei no Senado e lá aprovado (e que ainda tramita na Câmara dos Deputados), quero dar o exemplo de como os que temos mais poderemos contribuir para que todos os demais venham a receber a Renda Básica de Cidadania. O dia em que for aprovado e sancionado por V. Exa. farei a transferência devida para o Fundo”, diz a 20ª carta do petista enviada para a presidente após o cancelamento da audiência.

Suplicy ainda disse que sabe da dificuldade da implantação do seu projeto. No entanto, afirmou que é preciso dar os primeiros passos. Por isso, a insistência no encontro com a presidente. “Sei que isso não é implantado em um, dois anos, mas tem que preparar o Brasil para isso que foi aprovado por todos os senadores e deputados. Além disso, o Renda Básica foi aprovado consensualmente durante a convenção nacional do PT que consagrou o nome da presidente Dilma como candidata na última eleição” afirmou o petista.

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