Integrantes do Movimento Primavera Cidadã| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

Insatisfeitos com o modo de fazer política tradicional, um grupo de jovens começou no ano passado a articular um movimento para assumir a responsabilidade de fiscalizar a Câmara Municipal de Curitiba, discutir alternativas para o Legislativo e desenvolver ações de fortalecimento da cidadania.

CARREGANDO :)

“A gente não aguentava mais as posições binárias de direita e de esquerda, e começamos a investigar o que poderíamos fazer. Passamos alguns meses estudando o que fazer e como fazer, e decidimos construir um movimento que ainda não tinha nome, com o entendimento de que, se a política está ruim e não a suportamos mais, a responsabilidade é nossa”, explica o idealizador do coletivo, Piatã Muller Santos.

O que é O Primavera Cidadã?

É um coletivo que tem como princípios e objetivos o que vem a seguir:

Princípios

Valorização do ser humano, do bem, da beleza e da justiça.

Educação e reforma política como base para transformação da sociedade.

Uso de fundamentos teóricos para orientar a ação e reflexão sobre a prática para enriquecer a reflexão teórica.

Transparência.

Objetivos

Criação de um movimento de cidadania que permita a promoção da justiça social, com base na mudança dos sistemas político e educacional, atendendo a demandas da sociedade.

Promoção do desenvolvimento da consciência e da participação política e cidadã.

Análise das estruturas política atuais.

Fiscalização dos representantes eleitos da sociedade.

Facilitar o acesso de dados públicos para os cidadãos.

Influenciar o poder público para que suas ações sejam orientadas para o interesse da sociedade.

Publicidade

Assim surgiu o Primavera Cidadã. Com cerca de 70 voluntários, em sua maioria jovens, o movimento tem atuado apresentando projetos de lei de iniciativa popular, por entender que é uma forma de fácil acesso para se iniciar no mundo da política – a primeira proposta apresentada pelo grupo é sobre redução de salários dos vereadores. “Entendemos que os valores são excessivos quando se compara com a média dos trabalhadores. Reduzir o salário seria algo simbólico”, afirma Santos.

Eles desenvolvem também atividades de fiscalização de todas as sessões plenárias da Câmara, além de realizar palestras sobre cidadania nas escolas e ajudar alunos a implementar grêmios estudantis, entre outras ações, como contribuir para a coleta de assinaturas para o projeto de lei das Dez Medidas Contra a Corrupção, capitaneada pelo Ministério Público Federal (MPF).

O movimento tem forte viés democrático e apartidário – as decisões são tomadas por consenso e a missão que o grupo se autoimpôs é a de mudar a cultura política local. “Em vez de ficar apenas criticando e rotulando os políticos, entendemos que é preciso participar da política”, afirma Santos. Segundo ele, é preciso ter em mente que se os políticos agem mal, a população não pode esquecer que o poder foi delegado a eles pelo povo, por meio de mandato popular.

Piatã Santos avalia que atualmente os cidadãos interessados no bem comum vivem um dilema – como percebem a política padecendo de vícios, se afastam, em vez de se engajarem para mudar o cenário. “Precisamos de mais pessoas de bem participando da política.” Mesmo que não participem de cargos públicos, explica ele, as pessoas interessadas podem participar da política sob diversas formas, fiscalizando o poder público e influenciando na tomada de decisões que ocorrem no poder Legislativo.

Publicidade

Grupo estimula diálogo e ação política conjunta

A ideia de fomentar cultura política e de cidadania fizeram que Fernanda Castelhano, bióloga e empreendedora e sócia da consultoria Teia, se juntasse neste ano ao Primavera Cidadã. “O grupo consegue fazer chegar às pessoas temas complexos da política e da cidadania de forma acessível e educativa, além de realizar uma série de ações relevantes para a sociedade”, afirma Fernanda.

Segundo ela, o grupo estimula a prática do diálogo e a construção de práticas políticas em conjunto. Fernanda conheceu integrantes do Primavera Cidadã depois que, no ano passado, cursou Jovens Protagonistas do Desenvolvimento, um programa oferecido pela organização não-governamental Sociedade Global, que busca capacitar novos profissionais para atuar com foco a causar alto impacto social. “Aí fui conhecer o trabalho na página do Facebook e no site deles, fui em uma das reuniões e não parei mais de frequentar.”