Trâmite é inédito
O projeto antifumo será o primeiro a ter uma tramitação diferente, que permite ao autor das emendas recorrer à Comissão de Constituição e Justiça e ao plenário caso sejam rejeitadas. O novo trâmite foi definido após mudança no regimento interno da Assembleia Legislativa, em junho. Pelas regras anteriores, mesmo que as emendas fossem declaradas inconstitucionais poderiam ser votadas no plenário. Agora, são arquivadas.
Caminho percorrido
- O projeto foi aprovado em primeira discussão no plenário.
- Na segunda discussão foram apresentadas emendas.
- Foram apresentadas 16 emendas, entre elas duas liberando os fumódromos e o cigarro em varandas e terraços.
- A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) deu parecer pela inconstitucionalidade das emendas, o que impede que sejam votadas no plenário.
- Os autores das emendas apresentaram recurso para nova análise pela CCJ.
- Se a CCJ rejeitar novamente as emendas, os autores podem apresentar recurso ao plenário.
- Para que sejam votadas no plenário, o recurso precisa ser aprovado pela maioria dos deputados.
A liberação ou não dos fumódromos no Paraná ambientes exclusivos para fumantes volta a ser discutida hoje pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa, mas o impasse em torno da aprovação da lei está longe de terminar. A segunda votação do projeto antifumo no plenário só deve ocorrer no dia 15 de setembro, após o feriadão da Independência.
A demora na votação deve ocorrer porque os deputados que defendem os fumódromos vão usar todos os recursos regimentais possíveis para tentar garantir que as emendas sejam votadas no plenário.
O projeto que proíbe o cigarro em todos os espaços fechados públicos e privados do Paraná, como bares e restaurantes, já foi aprovado em primeira discussão, mas as emendas liberando os fumódromos foram consideradas inconstitucionais pela CCJ e arquivadas.
O deputado Reinhold Stephanes Jr. (PMDB) é autor de duas emendas que tornam a lei mais amena. Uma libera os fumódromos em ambientes fechados e a outra permite fumar em varandas, terraços e sacadas.
O argumento para defender a votação no plenário é que as propostas não ferem a lei. Stephanes conseguiu assinatura de 22 deputados que pensam como ele. "Não é crime fumar em locais reservados, tanto é que vários estados criaram espaços isolados para fumantes", disse o deputado.
O entendimento do relator do projeto na CCJ, Artagão Matos Leão (PMDB), pode não ser o mesmo. Ele votou favorável ao parecer anterior, de Reni Pereira (PSB), que rejeitou seis das dezessete emendas apresentadas em plenário, inclusive as que permitiam a criação dos fumódromos, por concordar com a inconstitucionalidade das propostas.
Artagão Junior diz ser contra o consumo de cigarro e discorda de qualquer mudança flexibilizando o projeto, mas garante que vai dar o parecer baseado em estudo jurídico. "Se eles estão contestando o parecer do Reni (Pereira) devem ter fundamentação jurídica. Vamos avaliar os dois relatórios para fazer um contraponto", adiantou. Ele pode decidir rejeitar novamente as emendas ou acatá-las para que possam ser votadas no plenário.
Se depender do líder do governo, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), a ordem é barrar novamente as emendas. "Vamos tratorar esse recurso porque a bancada do fumo está tentando ganhar tempo e adiar a aprovação do projeto", afirmou.
A grande maioria da população, segundo Romanelli, não quer fumódromo, nem a permissão para fumar em varandas ou terraços. "O povo quer o fim do cigarro e nossa geração tem o dever de fazer essas mudanças", disse.
Além das emendas que permitem os fumódromos, os autores de outras quatro emendas rejeitadas também apresentaram recursos à CCJ. A bancada do PT defende que a punição não deve recair sobre o fumante, mas apenas sobre o estabelecimento comercial, Marcelo Rangel (PPS) quer tornar facultativo aos bares e casas noturnas disponibilizar espaços exclusivos para fumantes, desde que sejam abertos e totalmente isolados dos demais ambientes. O deputado Caíto Quintana (PMDB) tem outras duas emendas que obrigam o estado a espalhar cinzeiros nas calçadas dos estabelecimentos comerciais e a que permite alvará de licença para bares exclusivos para fumantes.
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