O novo pedido de afastamento de João Claudio Derosso (PSDB) da presidência da Câmara Municipal de Curitiba representa, além da justificativa oficial de resguardar a instituição, a preservação do PSDB e do prefeito Luciano Ducci (PSB) nas eleições deste ano. Esse é o entendimento tanto da bancada do prefeito quanto da oposição. Nos bastidores da Casa, os parlamentares comentam que o uso da imagem de Derosso pode ser elemento-chave do pleito de outubro. Para reaquecer o debate, a oposição deve protocolar na próxima quarta-feira um requerimento pedindo uma nova eleição à presidência da Casa.
Segundo o vereador Pedro Paulo (PT), o objetivo da oposição é retomar a discussão pelo plenário. "Da mesma forma como a licença foi aprovada, é possível haver novo debate. O plenário é soberano", diz. De acordo com o parlamentar, o debate responde ao clamor da sociedade. "Se a Câmara quiser manter Derosso, terá de ter consciência do ônus, que é a fragilização da instituição e também da base de apoio do prefeito", afirma.
Líder do PSDB na Câmara, Emerson Prado considerou sábia a decisão de Derosso. "O partido sempre dialoga e analisa a melhor alternativa para o PSDB e também para a Câmara", diz. O parlamentar admite que o caso deve influenciar o pleito municipal, mas desvincular a imagem do prefeito Luciano Ducci (PSB) de Derosso. "O partido continua com o interesse em indicar o vice-prefeito. Tomaremos a melhor decisão, mas o Luciano e o Derosso não têm nenhuma associação. Estão, inclusive, em poderes distintos", diz. Antes do escândalo, o presidente licenciado da Câmara era cotado a ser vice-prefeito na chapa de Ducci.
A oposição precisa, contudo, encontrar uma brecha para adequar o requerimento ao Regimento Interno. De acordo com o presidente interino, Sabino Picolo (DEM), o simples pedido por uma nova eleição não pode ser acatado. "Com base no jurídico da Câmara e o próprio Regimento, uma nova eleição acontece apenas em caso de renúncia", afirma.
Nem na foto
Nesta semana, Derosso apresentou um recurso pedindo novo afastamento de 90 dias, válido a partir de amanhã o prazo anterior expirava no próximo dia 21. O requerimento foi incluído durante a Ordem do Dia e aprovado sem comentários em seguida. A maior parte dos parlamentares não percebeu o teor da votação. Derosso é acusado de irregularidades em contratos de publicidade da Câmara e está sendo investigado pelo Ministério Público Estadual (MP).
Com a decisão, o tucano foge de um possível pedido de afastamento do cargo pelo MP e da cobertura persistente da imprensa, na avaliação do professor de Ciência Política Emerson Cervi, da Universidade Federal do Paraná (UFPR) . "Se ele voltasse negativamente para a cobertura da imprensa, isso se refletiria na imagem do PSDB. Caso a oposição usasse esse argumento, poderia vinculá-lo ao prefeito Luciano Ducci. O Ducci já se distanciou de Derosso. Eles não aparecem juntos nem em fotos de solenidade", afirma.
Impasse sobre apoio a Lula provoca racha na bancada evangélica
Símbolo da autonomia do BC, Campos Neto se despede com expectativa de aceleração nos juros
Copom aumenta taxa de juros para 12,25% ao ano e prevê mais duas altas no próximo ano
Eleição de novo líder divide a bancada evangélica; ouça o podcast