Não é só o governo federal que atribui a crescente popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao fato de a população não vinculá-lo com a crise financeira. Nessa sexta-feira (5), o líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP), afirmou que "o presidente, com a ajuda da oposição, está agindo responsavelmente para minimizar os efeitos da crise internacional sobre o Brasil". "Governo e oposição querem reduzir o impacto sobre a economia real", comentou.

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De acordo com pesquisa DataFolha divulgada sexta (5), a avaliação positiva do governo Lula alcançou o patamar de 70%, uma alta de seis pontos porcentuais em relação à pesquisa anterior, divulgada na primeira quinzena de setembro. Segundo a mesma pesquisa, 78% dos entrevistados acreditam que 2009 será melhor que 2008 . A sondagem registrou ainda que 72% tomaram conhecimento da crise e que as pessoas com renda mensal de até dois mínimos, 42% não tomaram conhecimento.

Para o líder tucano, apesar de alguns momentos de "exaltação" do presidente, como na quinta-feira (4), em discurso no Rio de Janeiro, Lula está se comunicando bem com a população neste momento. "As pessoas estão vendo o presidente todos os dias cutucando montadoras de automóveis, cobrando empresários e cobrando a liberação de dinheiro do compulsório para melhorar o crédito", avaliou. Apesar disso, José Aníbal ressaltou que a população ainda não foi atingida pelos efeitos da crise. "As pessoas ainda não estão tendo noção da crise, mas na medida que ela se agravar evidentemente que vão questionar e se inquietar", concluiu.

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Do lado do governo, o ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, avaliou que a pesquisa mostra que não apenas a população não o associa à crise financeira, como também reflete a aprovação da sociedade ao "governo para todos" conduzido por ele. Para o ministro, a crise financeira não afetou a popularidade de Lula. "A sociedade tem consciência de que o presidente está conduzindo a crise com equilíbrio e sensatez", disse. Além disso, ressaltou o ministro, os brasileiros sabem também que a turbulência não foi gerada no Brasil, mas no exterior.

Na avaliação de José Múcio, ao conclamar a população para o consumo, independentemente da crise, o presidente Lula está correto. "A construção do melhor mercado é o próprio consumo", observou. Mas as notícias de corte de pessoal pelas empresas, por conta da crise, como o caso da Vale, que anunciou a demissão de 1,8 mil trabalhadores, não agradam ao governo. José Múcio reforçou a cobrança de Lula, que, em visita ao Rio de Janeiro, disse ter pedido explicações ao presidente da Vale, Roger Agnelli, sobre as demissões. "As empresas estão se aproveitando da crise para dar férias coletivas e fazer demissões, providenciando medidas que já estavam previstas", criticou o ministro. "E isso não contribui com o país", atacou.