Delação premiada
Youssef pode ganhar R$ 10 mi se ajudar a recuperar R$ 500 mi
O acordo de delação premiada aceito pelo doleiro Alberto Youssef prevê uma "cláusula de performance". Ou seja, se ele for extremamente eficiente na recuperação de recursos desviados de contratos da Petrobras, pode acumular milhões como recompensa pela ajuda dada ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal. Para ganhar R$ 10 milhões, por exemplo, ele teria que ajudar a recuperar R$ 500 milhões desviados. A taxa de sucesso prevista no acordo de delação premiada do doleiro é de 2% sobre os valores recuperados. "É com essa estimativa que nós trabalhamos", afirma o advogado Antonio Figueiredo Basto, que defende Youssef e costurou o acordo com os procuradores da Operação Lava Jato.
Apontado pelos investigadores da Operação Lava Jato como coordenador do "clube" de empreiteiras que fraudavam licitações na Petrobras, o empresário Ricardo Pessoa, da UTC-Constran, negocia um acordo de delação premiada com os procuradores que atuam no caso. A informação foi publicada neste sábado pelo jornal Folha de S.Paulo.
Se as negociações derem certo, Pessoa será o primeiro empreiteiro a contar o que sabe em troca de uma redução de pena o princípio da delação. Já são pelo menos nove os réus da Lava Jato que decidiram colaborar com as investigações, segundo a Procuradoria-Geral da República.
O grupo UTC-Constran tem 29 mil funcionários e faturou R$ 5 bilhões em 2013, o último ano com dados disponíveis. Pessoa era o presidente da UTC, cargo que deixou após ser preso em 14 de novembro sob acusação de pagar propina para conseguir contratos na Petrobras o que a UTC nega com veemência.
Nas conversas que ocorreram na semana passada em Curitiba, participaram o advogado de Pessoa, Alberto Toron; o presidente da Constran, João Santana, que foi ministro no governo de Fernando Collor, e o advogado Antonio Figueiredo Basto, que cuida da delação do doleiro Alberto Youssef.
Dos 11 executivos presos desde novembro em Curitiba, Pessoa é o mais próximo de Youssef: era sócio dele em um hotel em Salvador (BA) e num empreendimento imobiliário em Lauro de Freitas, também na Bahia.
Setor elétrico
As negociações de Pessoa com os procuradores ainda não foram fechadas porque o executivo diz não ter informações sobre pagamento de propina no setor elétrico. Os procuradores da Lava Jato querem que os delatores não se restrinjam a narrar as irregularidades que praticaram na Petrobras. Eles buscam informações sobre irregularidades em outros setores após o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa ter revelado que o cartel de empreiteiras também agia em hidrelétricas e portos.
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