Em uma clara demonstração de que o clima entre a base aliada e o governo continua sendo de beligerância, agravado pelas prisões de servidores do Ministério do Turismo na operação Voucher da Polícia Federal (PF), o líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), queixou-se da falta respeito do Planalto em relação aos parlamentares e exigiu um cronograma de liberação de emendas. As ameaças veladas de uma possível rebelião da base foram feitas após o líder participar da cerimônia de posse do novo Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, no Palácio do Planalto.

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"A falta de clareza, de franqueza, de respeito ao parlamento pode criar insatisfações graves", avisou o líder. As insatisfações envolvem a demora do governo em liberar as emendas e também os cargos de segundo escalão. A preocupação com as possíveis rebeldias e ameaças dos aliados foi um dos principais temas da reunião de coordenação de governo, comandado pela presidente Dilma Rousseff, na manhã desta segunda-feira (15).

O Planalto resiste em apresentar o cronograma de desembolso completo da primeira parcela de R$ 1 bilhão de emendas e também não quer falar em ampliar o volume de recursos. Os parlamentares por sua vez, lembram que há mais de R$ 7 bilhões apenas de emendas individuais. Ou seja, a rebelião que começou com a insatisfação do PR agora se propagou para o PMDB.

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O deputado Henrique Eduardo Alves demonstrou, na entrevista, a insatisfação da base com a demora nos desembolsos, afirmando que os parlamentares não estão pedindo favor ao governo pela liberação, pois as emendas fazem parte do Orçamento. "A gente quer a execução da lei orçamentária que nós aprovamos no Congresso. Não é concessão do governo. Não é regalia de parlamentar. É lei", desabafou. O líder peemedebista cobrou também do Planalto a divulgação de um calendário com cronograma de distribuição das emendas até o final do ano. Para ele, este gesto permitiria "para ter uma descontração entre a base e o governo".

Cronograma

Questionado se a falta de divulgação do cronograma de liberação dos recursos das emendas e os problemas entre base aliada e governo poderiam levar à suspensão de votações importantes para o Planalto, como a da prorrogação da Desvinculação de Receitas da União (DRU), o líder respondeu: "Não faremos nada que comprometa as medidas fundamentais do novo governo e fundamentais para o nosso País, mas podem ocorrer manifestações que faríamos até que o parlamento tenha o respeito que nós queremos".

No Palácio, as informações são de que não será possível ampliar o leque de liberação de emendas por causa do momento econômico frágil da economia mundial. Embora o governo assegure que a situação é de tranquilidade no País, o discurso no Planalto enfatiza a necessidade do controle de gastos e da manutenção do corte de R$ 50 bilhões no Orçamento federal, anunciado no início do ano.

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