O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), negou que tenha intermediado acordo entre ruralistas e evangélicos para garantir ao pastor Marco Feliciano (PSC-SP) a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara e evitar o avanço de projetos que tratam de quilombolas e de reservas indígenas, como acusou o deputado Domingos Dutra (PT-MA), ex-presidente da comissão. Cunha disse que não há restrição a nenhum projeto, mas que a comissão não pode ser "monotemática" e tratar apenas das causas dos homossexuais. "É uma comissão de defesa dos direitos humanos ou de defesa do movimento gay?", questionou.
Cunha rejeitou a tese de que, sob o comando do pastor, a comissão se afaste da sociedade civil. Feliciano é acusado de homofobia e racismo e foi eleito, na quinta-feira, em sessão fechada, longe dos protestos da véspera. "Não se pode impedir ninguém de ser presidente de comissão. Só esse grupinho que estava lá (na Câmara, protestando contra a escolha de Feliciano) é que dialoga? A comissão tem muitos temas a tratar: violência nos presídios, quilombolas, pedofilia, violência contra a mulher e também questões do movimento gay. Mas não pode ser monotemática", afirmou Cunha, também evangélico.
Segundo o líder, depois de vários acertos entre os partidos, restaram as presidências de apenas duas comissões, a de Direitos Humanos e a de Legislação Participativa. O PSC escolheu a primeira. "O PSC não reivindicou a Comissão de Direitos Humanos. Não foi por opção, foi por falta de opção. Como é um partido de maioria evangélica, foi escolhido um deputado evangélico. Minha participação foi fazer cumprir o acordo entre os partidos, nada além disso", disse Cunha. O líder afirmou que, na quarta-feira (6), ainda tentou que o PT abrisse mão da Comissão de Relações Exteriores, que passaria ao PMDB, e ficasse com Direitos Humanos. Com isso, o PSC ocuparia a Comissão de Fiscalização. "O PT não aceitou", contou.
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