São Paulo (Folhapress) – O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, investigado pelas CPIs do Congresso e pela Polícia Federal como principal operador do "mensalão’’, ao lado do publicitário Marcos Valério de Souza, conseguiu ontem na Justiça uma liminar (decisão provisória) suspendendo seu processo de expulsão do partido.

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A exclusão dele era o primeiro item da pauta de reunião de ontem do Diretório Nacional, em São Paulo. O PT deverá recorrer da decisão. O partido tem cinco dias para interpor recurso, mas ontem mesmo os dirigentes disseram que isso só deveria ocorrer na segunda-feira.

A decisão favorável a Delúbio foi concedida pela juíza Carmen Lúcia da Silva, da 23.ª Vara Cível do Estado de São Paulo, que entendeu que houve falha durante o procedimento instaurado pela Comissão de Ética do PT.

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Delúbio apresentou à Justiça três argumentos: disse que a comissão desrespeitou a ordem processual ao misturar depoimentos de testemunhas de defesa e de acusação (normalmente ouvem-se primeiro todas as testemunhas a favor do investigado); acusou uma antecipação unilateral de uma audiência (teria sido convocado 48 horas antes, por e-mail, procedimento incomum); a comissão não garantiu à defesa acesso às provas.

"Essa é uma manobra protelatória legítima’’, disse Danilo Camargo, tesoureiro estadual do PT em São Paulo e ex-presidente da Comissão de Ética do partido, que avaliou que somente o próximo diretório nacional, que será eleito no dia 18 de setembro, poderá deliberar sobre o pedido de expulsão de Delúbio. Camargo é do Campo Majoritário, ao qual pertence também Delúbio e conduziu o processo de expulsão da senadora Heloísa Helena, hoje no PSOL, em 2003. "Diante disso [da decisão judicial], não temos como expulsá-lo.’’

Antes da notícia da liminar, que foi entregue ao Diretório Nacional por um oficial de justiça às 9h30, a maioria dos petistas defendeu a expulsão de Delúbio. "Eu particularmente sou favorável à cassação’’, disse o líder do governo no Senado, Aloízio Mercadante (PT-SP). Concordaram com ele o ex-ministro Olívio Dutra (Cidades) e o controlador-geral da União, Walter Pires.