Relações
"Ora estão em lua de mel, ora estão em crise"
O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) reconhece que o governo precisa de "serenidade" e "maturidade" para enfrentar a crise com o PMDB. Ele afastou, no entanto, o risco de rompimento, mas se esquivou de dizer se o partido aliado será mantido no comando do Dnocs e da Transpetro (subsidiária da Petrobras), próximo "feudo" peemedebista na mira do Planalto. O ministro disse que as ameaças feitas pelo deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB) devem ser encaradas como "tensão natural" nas relações com a bancada governista. "As relações com os partidos aliados ao governo são sempre dinâmicas. Ora estão em lua de mel, ora estão em crise. É natural isso. A gente tem que ter muita serenidade", afirmou. "É natural que haja aqui uma rusga com este ou aquele partido, mas temos que ter maturidade, serenidade e confiança de que a gente vai continuar caminhando no processo de diálogo."
O descontentamento dos peemedebistas com a dança de cadeiras deflagrada pela presidente Dilma Rousseff no segundo escalão de seu governo deve contaminar as parcerias nas eleições municipais deste ano. E tudo indica que a queda de braço travada na última semana pelo líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), com o governo, por causa a demissão do diretor-geral do Departamento Nacional de Obras Contra Seca (Dnocs), Elias Fernandes, poderá afastar ainda mais peemedebistas e petistas.
"Claro que vai agravar [a convivência dos dois partidos]", admite o atual vice-presidente Caixa Econômica Federal, o peemedebista Geddel Vieira Lima, que já elegeu o PT do governador Jaques Wagner como principal adversário na Bahia. De acordo com levantamento preliminar feito pelo presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), por enquanto só há previsão de aliança entre seu partido e o PT em duas das 27 capitais do país: São Luís e Rio de Janeiro.
"Em São Luís, nosso candidato desistiu da disputa e há uma perspectiva de nos aliarmos ao PT. No Rio, onde a aliança já existia e seria natural o apoio do PT à reeleição do prefeito Eduardo Paes, estamos tendo problemas", confirma Raupp.
A aliança entre o PT e PMDB no Rio, de fato, não é nada amistosa e vem sofrendo resistências de setores de ambos os partidos. Apesar do empenho do governador Sérgio Cabral para manter a união das duas legendas em favor da reeleição do peemedebista Paes, o deputado Alessandro Molon (PT-RJ) chegou a convocar um protesto no mês passado contra essa aliança.
A relação entre as duas legendas azedou ainda mais depois que o presidente estadual do PMDB, Jorge Picciani, sinalizou que seu partido poderia não apoiar algumas candidaturas petistas no estado, como a do secretário estadual Roberto Neves ,em Niterói.
Em São Paulo, a situação é ainda pior. Sob o comando do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT considera estratégico para o partido a eleição do ex-ministro da Educação Fernando Haddad na capital paulista. O PMDB, por sua vez, resiste à pressão petista para que abra mão da candidatura própria. O vice-presidente, Michel Temer, já decretou que não há hipótese de o deputado Gabriel Chalita (PMDB) sair da disputa. Diante desse quadro, Lula começou a investir numa possível aliança com o PSD do prefeito Gilberto Kassab, a despeito das resistências internas dentro do PT.
Correndo por fora, os tucanos estão com prévias marcadas para o início de março, mas ainda não desistiram por completo de convencer o ex-governador José Serra a disputar a prefeitura paulista nas eleições deste ano, o que praticamente inviabilizaria a aliança dos petistas com Kassab o atual prefeito já admitiu que só apoiaria o candidato do PSDB se ele for Serra.
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