Brasília - Apesar de dar sinais de vai poupar "figurões" do PMDB , o agravamento da crise política levou a presidente Dilma Rousseff a determinar uma ampla faxina na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), comandada pelo partido. E deverá ser uma limpeza nos mesmos moldes da feita no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Significa que, do presidente da estatal aos assessores aparentados de políticos, todos serão afastados.
Há ainda um agravante em desfavor da Conab. Lá, o loteamento entre os partidos foi maior do que no Dnit. Toda a Conab foi dividida entre o PTB que não tem um ministério, mas se contentou com a presidência da estatal, que está presente em todo o Brasil e tem orçamento de R$ 2,8 bilhões , PMDB e o PT. O Dnit havia sido loteado apenas entre o PR e o PT.
O primeiro a ser demitido foi Oscar Jucá Neto, que ocupava a diretoria financeira da Conab. Jucá, que é irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR), determinou o pagamento de R$ 8 milhões a uma empresa de silos de Goiás, mas a verba era destinada à compra de alimentos. Em represália pela demissão determinada pelo ministro da Agricultura, ele acusou Wagner Rossi de corrupção. Rossi respondeu que as denúncias eram uma vingança.
Na segunda-feira, a Controladoria-Geral da União (CGU) apreendeu computadores da Agricultura, para estudar os arquivos de convênios e contratos. O ministro da CGU, Jorge Hage, afirmou que nenhum computador de Rossi está na lista dos apreendidos porque, segundo ele, não há suspeita contra o ministro. A presidente Dilma defendeu Rossi por dois dias seguidos, mas ainda assim determinou a faxina na Conab. O ministro vai depor hoje no Senado.
De acordo com informação de assessores da presidente Dilma, todos os partidos já foram informados de que seus afilhados serão substituídos por técnicos. Na segunda-feira, a presidente conversou com o ministro da Agricultura. "Quero técnicos no lugar dos diretores", cobrou Dilma. "Para a diretoria jurídica você pode recorrer à Advocacia-Geral da União", aconselhou ela. A própria presidente avisou ao advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, que ele teria de ceder alguém para a Conab.
A limpeza na Conab será profilática e geral, informou um auxiliar da presidente. Esse mesmo assessor disse que as análises sobre os nomes dos técnicos que deverão ir para a Conab estão sendo feitas diretamente por Dilma, a partir de listas entregues a ela pelo ministro Wagner Rossi.
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