Documentos apreendidos pela Polícia Federal no escritório do pecuarista José Carlos Bumlai, em Campo Grande (MS), reforçam a tese de que ele pagou parte da reforma em sítio usado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Atibaia (SP). Uma planilha com nomes de fornecedores do pecuarista traz o nome da empresa Fernandes dos Anjos & Porto Montagens de Estruturas Metálicas vinculado a pagamentos que somam R$ 550 mil. Em depoimento ao Ministério Público de São Paulo, um representante dessa empresa disse ter recebido R$ 40 mil de Bumlai por serviços na reforma do sítio.
A Fernandes dos Anjos tem duas sedes, registradas em Colorado e em Nossa Senhora das Graças, no interior do Paraná. Está registrada como empresa especializada em “obras de alvenaria” e “montagem de estruturas metálicas”.
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A força-tarefa da Operação Lava Jato e o Ministério Público paulista tentam identificar os responsáveis pela reforma do sítio, que pertence a dois sócios de um dos filhos de Lula: Fernando Bittar e Jonas Suassuna. O local é usado com frequência pelo ex-presidente.
Defesa
O documento que cita a Fernandes dos Anjos foi apreendido em 24 de novembro de 2015, na 21.ª fase da Lava Jato. Ele faz menção a dois pagamentos à empresa: o primeiro no valor de R$ 455,3 mil e o segundo, de R$ 94,6 mil, sem citar datas. Esse documento está anexado a um dos processos em que Bumlai é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro por causa de empréstimo forjado de R$ 12 milhões, contraído em seu nome. O objetivo era permitir ao PT o repasse de propina de um fornecedor da Petrobras.
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A reportagem perguntou ao advogado de Bumlai, Arnaldo Malheiros, quais serviços motivaram o pagamento de R$ 550 mil à Fernandes dos Anjos e por que o pecuarista pagou por serviços no sítio de Atibaia. “Esses assuntos estão surgindo agora, e nosso cliente está preso em Curitiba, de modo que não temos informação para responder a seu questionamento”, disse Malheiros. Representes da Fernandes dos Anjos não foram localizados na quinta-feira (4).
Em nota, o Instituto Lula disse que, desde 2011, o ex-presidente frequenta “um sítio de propriedade de amigos da família” e que “a tentativa de associá-lo a supostos atos ilícitos tem o objetivo mal disfarçado de macular a imagem do ex-presidente”.
Na quinta-feira (4), o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro compareceu a Curitiba, onde corre a maior parte dos processos da Lava Jato, para prestar depoimento na investigação sobre a participação da empreiteira na compra de móveis planejados da Kitchens, loja especializada em itens de cozinha, entregues no sítio de Atibaia e também no tríplex que estava reservado para a família Lula no edifício Solaris, no Guarujá (SP).
Durante o depoimento, Pinheiro permaneceu em silêncio. Pelo menos outros dois funcionários da OAS já foram ouvidos nesta investigação.
Segundo as investigações, o ex-executivo da OAS Paulo Gordilho teria pagado R$ 130 mil em dinheiro pelos itens de cozinha para o sítio, em compra feita em março de 2014. A nota fiscal, porém, foi emitida em nome de Fernando Bittar, um dos donos do sítio. Além de itens de uma cozinha planejada, que somaram R$ 28 mil, foram entregues um refrigerador de R$ 9,7 mil, uma lava-louças de R$ 9,1 mil, um forno elétrico de R$ 10,1 mil e uma bancada de R$ 43 mil.
Em novembro do mesmo ano, Gordilho pagou, na mesma loja, por outra despesa, no valor de R$ 78,8 mil, por itens de cozinha entregues no tríplex que estava reservado para a família de Lula no Guarujá. O ex-presidente afirma ter desistido de comprar o imóvel.
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