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Duas moças bem arrumadas entram no Copacabana Palace, vão ao guichê de câmbio, trocam US$ 1 mil e desaparecem. Uma hora depois, as duas - as guerrilheiras Dilma Vana Rousseff e Maria Auxiliadora, da VAR-Palmares - comemoram com seus companheiros, em um apartamento perto dali, o sucesso da operação. Os US$ 1 mil eram só o tira-gosto de uma fortuna de US$ 2,59 milhões (hoje, cerca de R$ 28 milhões) capturados na véspera de uma casa no bairro de Santa Teresa. Dinheiro guardado em um enorme baú de 150 quilos, o célebre "cofre do Adhemar" - cujo roubo foi festejado pelo grupo como "a maior vitória da esquerda armada contra o capitalismo no continente".

O episódio é uma das muitas histórias dos tempos de Wanda da hoje presidente da República: o período entre 1968, quando aderiu à resistência à ditadura, e 1973, ano em que deixou a prisão em São Paulo, sepultou o codinome e foi estudar economia em Porto Alegre. É um dos bons capítulos do livro O Cofre do Dr. Rui, recém-lançado pelo jornalista e escritor Tom Cardoso. "Dr. Rui" era o apelido de Ana Capriglione, amante de Adhemar de Barros, governador paulista que, diz a lenda, encheu o baú praticando o "rouba mas faz".

"O que eu tento, no livro, é mostrar o papel real de cada um e o destino do dinheiro", avisa o autor. E o papel real de Dilma, ouvidos mais de 30 depoimentos, fica mais claro. Segundo o livro não partiram dela nem a ideia do roubo nem da organização do ataque. Dilma sequer teria participado do grupo de 11 pessoas que, sob o comando de Juarez de Brito, o Juvenal, invadiu em julho de 1969 a casa do irmão de Ana Capriglione para pegar o famoso cofre. "Mas Wanda tinha, sim, grande importância no grupo. Cuidava de planejar, distribuir armas e munição, documentos", explica Cardoso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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