Os 50 anos de cobertura da política paranaense renderam ao jornalista Pedro Washington uma série de histórias engraçadas, outras nem tanto, envolvendo os personagens da vida pública no estado. Autor de outras quatro obras sobre o tema, o jornalista reuniu nas edições anteriores estatísticas, descrições e relato dos fatos que marcaram a história do Paraná contada do ponto de vista da política. Para essa última, ficaram as passagens folclóricas.
"O momento não é bom para a classe política, por isso optei agora por um relato mais leve", afirma Washington. O livro "Paraná Político Histórias e Folclore" será lançado amanhã, na Assembléia Legislativa, na presença de alguns dos personagens das histórias relatadas na obra. Os relatos começam na década de 50, com o interventor Manoel Ribas, e seguem até os dias atuais. Além de passagens folclóricas, o início de carreira de alguns dos principais personagens atuais estão retratados, como da convenção do PMDB de 1985, quando o atual governador, Roberto Requião, ganhou de Amadeu Geara a indicação para concorrer à prefeitura de Curitiba.
"O candidato natural do PMDB na época seria o Erwin Bonkoski, que havia sido eleito deputado estadual com mais de 100 mil votos. Mas o Requião, que tinha sido eleito deputado pela primeira vez em 1982, com 33 mil votos, realizou um trabalho com a militância do partido. Ganhou a indicação e, mais tarde, a eleição do então prefeito Jaime Lerner", conta o jornalista.
O livro foi lançado com recursos próprios. "Neste primeiro volume, as histórias estão mais concentradas em Curitiba. Para o ano que vem, já tenho quase pronto um outro livro com abrangência mais estadual", revela Washington.
Com passagens por vários rádios e jornais da capital Diário do Paraná, Folha de Londrina, Gazeta do Povo e atualmente no Correio Paranaense Pedro Washington não pára de colecionar histórias e tornou-se um analista pelos anos de observação. "Com as atuais regras eleitorais, é praticamente impossível o surgimento de novas lideranças. O sistema favorece aqueles que já estão no poder e, por isso, se explicam os mais de 20 anos de alternância no governo de praticamente dois grupos", avalia.
O jornalista compara as possibilidades que os jovens políticos tinham no começo dos anos 60, por exemplo. "Em 1965, a convenção do PDC, que escolheria o candidato do partido ao governo do estado, durou mais de dois dias, no Teatro Guaíra. Enquanto Affonso Camargo (atualmente deputado federal pelo PSDB) era o candidato que tinha o apoio das principais lideranças políticas do estado, Paulo Pimentel, que surgia com um grande potencial, apostava no apoio popular. A convenção começou em um sábado de manhã e terminou somente na madrugada de segunda-feira, com uma vantagem de pouco mais de 50 votos para Pimentel. O grupo de Affonso Camargo apostava nas eleições indiretas, mas o então presidente Castelo Branco, o primeiro do regime militar, decidiu testar a opinião pública e surpreendeu a todos com eleições diretas para os governos estaduais, o que só foi se repetir em 1982", relata.
Essas e outras histórias estão contidas na obra, de 130 páginas. Algumas bem atuais, como a frase usada pelo diretor da Itaipu, Jorge Samek, em sua campanha para deputado federal em 2002 para pedir votos em comícios: "Votem no 1345 para deputado federal. Se esquecerem do número, é fácil lembrar: 15 para as duas".
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