| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Escolhido pelos caciques do PMDB para ocupar a cadeira de presidente do principal colegiado do Senado, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), Edison Lobão (PMDB-MA), com 80 anos, abre mais uma polêmica em Brasília. Lobão é alvo de inquéritos no âmbito da Operação Lava Jato, no Supremo Tribunal Federal (STF), mas permanece como um nome forte dentro do PMDB, ligado ao grupo do ex-presidente da República José Sarney.

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Mas, na disputa pela CCJ, não foi apenas Sarney que trabalhou pela indicação do correligionário do Maranhão. Lobão foi alçado ao principal cargo do colegiado com o respaldo, e a insistência, de outras duas lideranças do PMDB: Romero Jucá (RR) e Renan Calheiros (AL), ambos investigados pela Lava Jato, assim como Sarney.

Com a indicação à presidência da CCJ, Lobão deixou para trás, por exemplo, correligionários prestigiados entre os pares, como o senador Raimundo Lira (PI), figura sempre lembrada quando o PMDB precisa “se socorrer” a um nome com aparência de neutralidade. “Houve ingerência externa” na disputa, declarou Lira à imprensa, enigmático.

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Mas o discurso dos caciques agora parece afinado: “investigado” não é “condenado”, repetem. Lobão também foi na mesma toada, após ser confirmado no comando da CCJ. “Investigações não devem gerar constrangimento para ninguém. Se há acusações caluniosas contra mim, é bom que haja investigação para que a denúncia seja arquivada, assim como já ocorreu em outros casos”, justificou à imprensa.

Nome forte do PMDB, Lobão tem bom trânsito em Brasília

Discreto e avesso ao debate mais virulento no plenário, Lobão sempre teve bom trânsito em Brasília. Pela cota do PMDB, ficou à frente de uma pasta importante nas gestões petistas, a de Minas e Energia, em um período no qual a descoberta do pré-sal pela Petrobras era lançada pelo governo federal como uma grande aposta para o futuro.

No ano passado, resistiu a migrar para a ala peemedebista favorável ao impeachment de Dilma Rousseff. Mas, ao final, no plenário do Senado, votou pelo fim da gestão petista.

Ao longo de sua trajetória política – Lobão já foi duas vezes deputado federal, governador do Maranhão e está em seu quinto mandato como senador –, o parlamentar do Maranhão também “se ausentou” em situações importantes: em 1984, não participou da votação da Emenda Dante de Oliveira, que estabelecia as eleições diretas para a presidência da República; em 2015, foi o único a registrar abstenção na votação sobre a manutenção da prisão do senador Delcídio do Amaral.

CCJ: sabatina do STF e “Dez Medidas”

Nas mãos de Lobão há tarefas que indiretamente atingem a Lava Jato, na visão de autoridades envolvidas na investigação. Caberá à CCJ, por exemplo, a análise do projeto de lei que modifica a legislação sobre abuso de autoridade e também da versão desfigurada pela Câmara dos Deputados das “Dez Medidas Contra a Corrupção”. As duas proposições têm sido criticadas por parte do Judiciário e do Ministério Público Federal, que detectam tentativas de cerceamento dos trabalhos da Lava Jato.

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A primeira missão de Lobão na CCJ também é polêmica. Cabe ao colegiado sabatinar o nome indicado pelo presidente Temer para a vaga de ministro do STF, no lugar de Teori Zavascki, morto em um acidente aéreo, no mês passado. O ministro licenciado Alexandre de Moraes foi o nome escolhido pelo chefe do Executivo e, no STF, pode assumir a função de revisor dos processos da Lava Jato. O Planalto já pediu pressa ao Senado.