Presa sob suspeita de envolvimento em esquema “compra” de medidas provisórias, a empresária C ristina Mautoni disse em depoimento à Justiça Federal que sua consultoria, a Marcondes & Mautoni Empreendimentos, trabalhou para a Saab quando a empresa sueca disputou a venda de caças para a Força Aérea Brasileira (FAB).
O procurador Frederico Paiva quis saber se ela tinha conhecimento de que seu marido, o lobista Mauro Marcondes, havia se reunido com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tratar do assunto. “Acho difícil, porque [a secretária do Mauro], em 2013, reclamava que ela não conseguia contato com o Lula. Ela dizia que havia deixado dez recados. Agora, qual o motivo da reunião, o que ele queria falar, não sei”, disse. “A secretária ligou para o Instituto Lula, mas não teve sucesso porque Lula não atendeu.”
Mauro Marcondes também está preso, acusado de pagar propina a agentes públicos em troca de decisões do governo federal. Ele acompanhou o depoimento da mulher. Na busca e apreensão feita pela Polícia Federal na Marcondes & Mautoni foram encontrados e-mails em que o lobista pede à mulher, que os repassa à secretária, para agendar reunião com Lula e representantes da Saab.
Também foi apreendida uma carta endereçada a Lula na qual Marcondes pede que ele interceda com a presidente Dilma Rousseff para que o governo escolha a Saab.
A Operação Zelotes investiga se há relação entre o lobby de medidas provisórias e do negócio dos caças a pagamentos feitos pela Marcondes & Mautoni à LFT Marketing Esportivo, empresa de Luís Claudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula.
O jornal O Estado de S. Paulo revelou que a firma recebeu R$ 2,5 milhões da Mautoni entre 2014 e 2015. Cristina disse ter feito o pagamento sem ter conhecimento sobre o serviço prestado. “Não li sobre o que era”, disse. Ela justificou que sua função era fazer pagamentos a mando do marido.
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