O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux condenou nove réus do mensalão da cúpula do Banco Rural e do grupo do empresário Marcos Valério pelo crime de lavagem de dinheiro. Assim como outros três colegas, Fux absolveu a ex-diretora do Rural Ayanna Tenório.
Seguindo o relator, Joaquim Barbosa, Fux considerou culpados a dona do Banco Rural, Kátia Rabello, o vice-presidente Vinicius Samarane, o ex-vice-presidente José Roberto Salgado, além do empresário Marcos Valério, seus ex-sócios, Cristiano Paz, Ramon Hollerbach, o advogado do empresário Rogério Tolentino, e a ex-diretora da agência Simone Vasconcelos.
Segundo o Ministério Público, os dirigentes do banco na época permitiram que o empresário Marcos Valério e seus ex-sócios movimentassem milhões de reais de forma suspeita, omitiram os reais recebedores dos recursos e desrespeitaram normas dos órgãos de controle. O Rural teria injetado R$ 32 milhões no esquema por meio de empréstimos simulados.Em seu voto, Fux disse que o crime de lavagem segue três fases: a colocação do dinheiro, o encobrimento do dinheiro e o repasse do dinheiro. Para ele, se uma pessoa participou de uma das etapas, já pode ter cometido o crime."Se uma pessoa sabe da origem do dinheiro e sabe do processo de lavagem, ela participou do crime."
Ele chegou a comparar a lavagem a uma ocultação de cadáver. "A pessoa pode não ter cometido o homicídio, mas pode ter escondido o corpo", afirmou.
Sobre o caso de Geiza, o ministro ironizou o argumento de que ela não tinha ciência do esquema ao mandar e-mails com beijos e abraços aos funcionários do Rural sobre os saques, que os reais recebedores foram escondidos dos órgãos de fiscalização.
Fux citou depoimento do ex-diretor do Rural Carlos Godinho, que disse que ficou apreensivo e quis deixar o banco com a atuação da instituição financeira. "Quem tem infarto não manda beijo. Quem manda beijo não tem infarto", disse.
O ministro ainda disse que o relato "efetivamente os convenceu" de que houve o crime de lavagem de dinheiro.
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