Dilma desembarca de helicóptero em Brasília, após passar o carnaval descansando na Bahia: primeira tarefa na volta ao trabalho foi discutir estratégia para debelar a crise com o PMDB| Foto: Pedro Ladeira/ Folhapress

O PT começou ontem a articular uma reação à ameaça do PMDB de deixar a base aliada no Congresso e de não se coligar com os petistas na chapa de reeleição da presidente Dilma Rousseff. Diante do agravamento da crise com o PMDB, o ex-presidente Lula desembarcou em Brasília e se reuniu com Dilma na tentativa de "remendar" a aliança para a campanha da reeleição da petista. Lula e a cúpula do PT avaliam que Dilma deve ser mais "política" e não entrar em novo confronto com a ala do PMDB representada pelo líder do partido na Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (RJ). Assim, conseguiria evitar mais problemas no Congresso e na campanha.

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Embora o encontro de Dilma e Lula já estivesse marcado antes de Cunha pregar o rompimento da parceria com o PT, na terça-feira, a ofensiva do deputado causou preocupação no governo. Não foi só: o presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), disse que a situação está ficando "insustentável" e cobrou uma solução para a reforma ministerial. Os peemedebistas querem ampliar o espaço na Esplanada – pleito que Dilma tem se recusado a atender. Dirigentes do PMDB não se cansam de dizer que o partido tem apenas cinco ministérios, enquanto o PT controla 17 – embora as duas legendas tenham tamanhos quase equivalentes no Congresso.

"Lula saberá avaliar se o PMDB quer mesmo sair de verdade da coalizão ou se quer sair para poder entrar mais", disse um ministro do PT. No Planalto, Cunha é visto como "imprevisível" e capaz não apenas de fazer bravatas como de pôr em risco a reedição da dobradinha com o PMDB.

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Além de Lula, toda a coordenação da campanha petista se reuniu ontem com a presidente, no Palácio da Alvorada. Atacado por Cunha, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, foi um dos primeiros a chegar. O marqueteiro João Santana; o jornalista Franklin Martins, que coordenará a comunicação da campanha; o tesoureiro Edinho Silva; o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante; e o chefe de gabinete de Dilma, Giles Azevedo; também participaram do encontro.

Em outra frente, o vice-presidente Michel Temer (PMDB), que deseja novamente estar na chapa de Dilma, acionou parlamentares de sua confiança para apagar o novo foco de incêndio político. A missão é evitar que a convenção do PMDB seja antecipada, como ameaça o grupo de deputados rebelados da Câmara. Se isso ocorrer, no cenário de hoje, a votação pelo rompimento da aliança com o PT é dada como certa.

Senado

Entre líderes peemedebistas, porém, a avaliação é de que a crise iniciada na bancada da Câmara tem chances de chegar ao Senado. "A presidente Dilma não quer ceder. Acha que o PMDB está forçando a barra. Só que agora está insustentável e a crise já está chegando ao Senado", afirmou o presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (PMDB-RO). Pelos seus cálculos, cerca de um terço dos senadores do partido hoje preferem abandonar a dobradinha com o PT. "Já nem sei mais qual é o motivo do descontentamento. Acho que parte é pelo nosso desprestígio na reforma ministerial e parte pelas alianças regionais", afirmou, fazendo referência aos atritos entre os dois partidos para as disputa pelos governos estaduais. Hoje, as duas legendas só têm palanques conjuntos em seis unidades da federação: Sergipe, Pará, Amapá, Mato Grosso e Distrito Federal.