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Apesar de ter sido advertido na semana passada pelo governador de São Paulo, José Serra, e pela oposição no Congresso, das dificuldades de aprovação da reforma tributária, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avisou que vai insistir na tentativa de aprovar o texto básico ainda este ano. "A reforma tributária é emblemática para o governo e aprová-la é uma forma de combater a síndrome da crise", disse o ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, José Múcio.

O ministro informou que o assunto estará na pauta da reunião de coordenação política que será realizada hoje, no Palácio do Planalto, e que discutirá, mais uma vez, os reflexos da crise financeira mundial na economia brasileira. "A crise está sob controle com os mecanismos já adotados, mas a síndrome do pânico precisa ser combatida", ressaltou o ministro.

Depois de adotar medidas pontuais para combater a crise, o presidente está preocupado agora com o lado psicológico da população e é a isso que Múcio se refere. Lula tem falado seguidamente da síndrome da crise e apelado, em todos os seus discursos, para que a população não deixe de consumir, advertindo que, se ela, por medo, deixa de comprar seu fogão ou sua geladeira, a economia não gira e, aí sim, os empregos podem ser reduzidos.

Na semana passada, em uma reunião da Granja do Torto, Lula pediu a sindicalistas que convençam seus liderados da necessidade de continuarem a consumir. Foi avisado pelos líderes sindicais, no entanto, que a população está temerosa e não quer se endividar por medo de perder o emprego.

Mesmo recebendo sinais dos receios da população, o governo insiste na meta de crescimento de 4% da economia no ano que vem e, agora, tenta se mostrar esperançoso em relação à votação da reforma tributária. Vai tentar levá-la a plenário amanhã, mesmo tendo consciência das dificuldades que enfrentará.

O Planalto gostaria de aprovar pelo menos o texto base da reforma tributária, que cria o IVA federal, fruto da fusão do Cofins, do PIS e do salário-educação. Quer também unificar as alíquotas do ICMS em todo o país, que passaria a ter uma legislação única, federal.

Uma providência que assessores palacianos acham que ajudaria no combate à "síndrome da crise" seria o Banco Central, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para os dias 9 e 10 de dezembro, seguir o movimento de outros países e reduzir a taxa básica de juros, que está em 13,75% ao ano. O presidente do BC, Henrique Meirelles e os demais dirigentes da instituição, no entanto, não têm dado nenhum sinal de que isso possa ocorrer. A expectativa do mercado é que o BC deve alterar a atual taxa Selic.

Banco Central

Por conta da postura do BC, Lula tem ouvido até pedidos para que tire Meirelles do governo. Ele estaria, na opinião desses críticos, segurando o crescimento do país. O presidente, porém, continua ignorando as críticas porque se sente absolutamente seguro com a condução da política monetária. O próprio PT tem advertido o governo dos efeitos políticos da crise econômica internacional, que alimenta o discurso da oposição. Os petistas ficaram preocupados, por exemplo, com as críticas à administração da Petrobras, depois da revelação de que a estatal buscou um socorro de R$ 2 bilhões na Caixa Econômica Federal. O maior temor, no entanto, é em relação a uma possível queda no nível de emprego no ano que vem, que politicamente se traduziria em dificuldades nas eleições de 2010.

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