Após a desistência do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Nelson Jobim da disputa pelo controle do PMDB, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva preferiu deixar a reforma ministerial para a próxima semana, ou, pelo menos, os novos nomes do partido que integrarão o primeiro escalão do governo.
A insatisfação do grupo pró-Jobim, formado por governadores e por parte da bancada do Senado, começou por conta das últimas reuniões do presidente com peemedebistas. Na segunda-feira (5), Lula recebeu o deputado Geddel Vieira Lima (BA), cotado para o Ministério da Integração Nacional, e convocou uma reunião com o presidente do partido, Michel Temer, e o líder na Câmara, Henrique Alves (RN), para esta terça-feira (5).
"Nós dissemos ao presidente que tendo em vista os acontecimentos do dia de hoje, em que houve desistência de uma candidatura, nós achamos que não é o momento de conversar sobre ministérios. Vamos deixar para semana que vem porque todos estamos voltados apenas para a questão interna do PMDB", disse Michel Temer após encontro de uma hora com o presidente no Palácio do Planalto.
A desistência de Jobim foi encarada, no Palácio do Planalto, como uma tentativa do grupo dos senadores Renan Calheiros (AL) e José Sarney (AP) de manter o privilégio de interlocução entre o PMDB e o presidente da República. "Mas isso ficou claro que o presidente não quer mais essa exclusividade", disse o líder na Câmara.
O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, negou que presidente Lula tenha tentado interferir na sucessão do PMDB ao fortalecer a candidatura de Temer ou de, ao menos, trabalhar por Jobim. "Todo mundo sabia da simpatia do presidente pelo Jobim, mas ele nunca interferiu na disputa", disse.
Deixar o anúncio da reforma para depois da convenção do PMDB mostra que a articulação política do governo faz um esforço para não relacionar as duas coisas. "Deixar para a próxima semana não significa que haverá mudanças. É só um timing diferente", disse um peemedebista, que pediu para não se identificar. "Está praticamente consolidada a indicação do Geddel. Resta saber quem será o outro ministro", acrescentou.
O presidente sinalizou na segunda-feira, durante reunião com Geddel, que a bancada na Câmara do PMDB terá apenas um ministério. A posição contraria a intenção dos deputados. "O presidente sempre disse que vai buscar o equilíbrio entre Senado e Câmara. Se os senadores têm dois ministérios está claro que os deputados também terão dois. Isso qualquer bom ou mal entendedor compreende", disse Henrique Eduardo Alves.
Essa disputa ocorre porque os deputados não reconhecem o médico sanitarista José Gomes Temporão como cota da bancada por ser recém filiado ao PMDB e bancado pelo governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, ex-senador. O presidente mantém a disposição de indicá-lo ao Ministério da Saúde.
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