Cuiabá (Folhapress) – Ao participar da inauguração de uma linha de transmissão de energia elétrica ontem, em Cuiabá, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que terá a "responsabilidade" de não fazer mudanças na economia para diminuir o impacto da crise política em seu governo ou visando às eleições do próximo ano. Lula voltou a elogiar o ministro Antônio Palocci (Fazenda) e fez críticas aos senadores que aprovaram o salário mínimo de R$ 384 – derrubado na Câmara.

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"Temos que ter responsabilidade e não brincar com coisa séria, porque toda vez que se brincou com a economia neste país, por causa da proximidade eleitoral, o resultado negativo ficou para a parte pobre da população", disse.

Lula criticou os senadores que alteraram o valor do salário mínimo de R$ 300 para R$ 384, dizendo que eles, por terem governado o país por "500 anos", poderiam ter concretizado um aumento real do mínimo em períodos anteriores. O projeto de elevação para R$ 384 foi do senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA).

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"Vocês não pensem que neste momento de crise não há quem diga para mim: 'Mas presidente Lula, o Senado aprovou o salário mínimo de R$ 384 reais, por que você não deixa R$ 384?' Porque quem aprovou sabia que nenhuma prefeitura poderia pagar, quem aprovou sabia que a Previdência Social não suportaria pagar, quem aprovou tinha tido tempo de aprovar porque governa o Brasil há 500 anos. Mas não aprovou." Lula, buscando dizer que não tomaria medidas eleitoreiras, disse que não hesitaria em tomar uma atitude impopular, como vetar o mínimo de R$ 384, caso a Câmara não tivesse derrubado a decisão do Senado e restabelecido o valor de R$ 300. "Graças a Deus, a Câmara teve compreensão e mudou, porque, se não mudasse, eu era obrigado a vetar e vetaria sem nenhuma preocupação", afirmou.

Em seguida, para defender sua austeridade e elogiar o ministro da Fazenda, o presidente citou as altas taxas de juros: "Da mesma forma, tem gente que fala assim para mim: 'puxa vida, presidente, por que o senhor não baixa os juros 4%, 5%?'. As pessoas pensam que o Palocci não gostaria de fazer isso, as pessoas pensam que o Palocci é diferente de qualquer um de nós, que não gostaria de baixar", disse.

E prosseguiu, citando o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e criticando seus antecessores: "Ele (Palocci) gostaria (de baixar as taxas de juros), eu gostaria, todo mundo aqui gostaria, o Meirelles gostaria, por que a gente não baixa? Porque não é uma questão apenas de vontade, porque aqueles que fizeram daquilo apenas um gesto político eleitoreiro quebraram a cara, e vocês sabem o país que nós herdamos em 2003".