Com o aumento da pressão no PMDB pelo rompimento com a presidente Dilma Rousseff, cresceu no Palácio do Planalto a preocupação com o processo de impeachment. Na terça-feira pela manhã, em reunião da coordenação política, Dilma avaliou que a situação do governo é “difícil”, porque os partidos aliados poderão acabar se afastando, assim como os peemedebistas, levados pelas manifestações de domingo e pelo desgaste contínuo de sua gestão. No quadro de tensão e incertezas, o ex-presidente Lula desembarcou em Brasília para assumir a articulação junto ao PMDB e discutir com a presidente mudanças na agenda econômica que tenham impacto imediato. Nesta quarta (9) pela manhã ele se encontrou com presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), com o ex-presidente José Sarney, o comando do PMDB do Senado e outros aliados para discutir estratégias para tirar o Planalto da crise política.
“A semana está afetada pelas manifestações de domingo. Preocupação [com o impeachment] tem e há uma agenda de conversas com a base. É preciso agir no campo institucional”, disse um auxiliar da presidente.
Lula assume a articulação política junto ao PMDB do Senado, que passou a ter papel decisivo no rito do impeachment determinado pelo Supremo Tribunal Federal, dias depois de ser levado a depor pela Polícia Federal, que investiga se ele foi ou não beneficiado pelo esquema de corrupção na Petrobras. Na terça-feira, os advogados do ex-presidente apresentaram recurso ao STF, contra decisão da ministra Rosa Weber que validou a 24ª fase da operação Lava Jato.
Convenção do PMDB
A convenção do PMDB, marcada para a véspera das manifestações de domingo, reforça o sentimento no governo de que será difícil recompor com o seu principal aliado. Até a terça-feira, apesar da ação de Lula, não havia no horizonte de Dilma a possibilidade de uma conversa com o vice-presidente, Michel Temer.
No mesmo dia, depois da reunião com Dilma, o ministro Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) reuniu os líderes da base. O ministro teria dito que é importante tirar essa “faca do pescoço” do governo e pediu equilíbrio aos líderes. Segundo relato de um participante, Berzoini afirmou que o governo costuma ter entre 280 e 300 votos, dependendo do tema das votações. A maioria dos líderes se posicionou a favor de enfrentar o quanto antes o processo de afastamento na Casa.
Na reunião, o líder do PP, Aguinaldo Ribeiro (PB), sugeriu que Dilma convoque o Conselho da República para tratar da crise enfrentada pelo país. Para discutir o agravamento da crise política e econômica que o governo enfrenta, o ex-presidente Lula chegou a Brasília no fim da tarde de ontem para se encontrar com Dilma no Palácio da Alvorada. “Esse filme está no pause, bota o play e deixa tocar, a vida tem que continuar”, acrescentou Hugo Leal (PROS-RJ)
Já a cúpula do PSDB se reunirá com caciques do PMDB para discutir os possíveis cenários sobre o afastamento da presidente. O encontro será em um jantar na casa do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) e contará com a presença dos senadores tucanos Aécio Neves (MG) e Cássio Cunha Lima (PB), possivelmente de José Serra (SP) e Aloysio Nunes (SP).
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