Na primeira aparição em evento público do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após a onda de protestos iniciada em junho, cerca de 30 jornalistas foram mantidos do lado de fora do auditório da Universidade Federal do ABC (UFABC), em São Bernardo, onde ele dará uma palestra na tarde desta quinta-feira (18).
Foi liberada a entrada apenas de repórteres de imagem. Jornalistas de outras mídias, impresso, online e rádio, foram credenciados para o evento, mas ao chegarem foram informados de que deveriam acompanhar o evento por meio de um telão aberto ao público em geral, do lado de fora do auditório.
De acordo com a assessoria do ex-presidente, a orientação aos jornalistas partiu da organização da "Conferência Nacional 2003 - 2013: Uma Nova Política externa". No entanto, a assessoria da UFABC, que organiza a conferência, diz que a orientação de impedir a entrada de jornalistas partiu da equipe de Lula. O ciclo de palestra da Universidade teve início no dia 15 e em nenhuma ocasião foi vedada a cobertura da imprensa.
Lula: ascensão de líderes é vitória socialista
O ex-presidente afirmou que o momento vivido pelo continente sul-americano na época em que foi eleito presidente, marcado pela ascensão ao poder de uma série de líderes de esquerda em outros países da região, foi uma "vitória" da esquerda. "Foi o período mais progressista e socialista. Nunca tivemos tanto crescimento, distribuição de renda e inclusão na América do Sul", disse.
Segundo ele, a primeira decisão de sua administração, a partir de 2003, foi olhar para a América do Sul e Latina. "Outro ponto da política externa foi combater a subserviência do Brasil. O dado concreto é que eu cada vez mais acredito que se nós resolvermos nossos problemas viraremos um ator importante no cenário globalizado", disse Lula, em referência ao continente latino-americano. Para ele, após as mudanças que ressaltou ter realizado, há quem sinta falta do passado. "Setores conservadores sentem saudade do tempo em que o continente era subalterno."
No início de 2003, quando assumiu, frisou Lula, uma das primeiras ações levadas a cabo por sua administração foi levar ao Fórum de Davos - que reúne anualmente líderes da economia global - a ideia de que era possível vencer a fome. "Fui a Davos no primeiro mês de mandato e disse que era possível acabar com a miséria e a fome. Exatamente o mesmo que disse no Fórum Social Mundial no mesmo ano", afirmou.
Lula narrou também um encontro com o ex-presidente norte-americano George W. Bush, no início de seu governo, às vésperas da Guerra do Iraque (2003-2011). Segundo ele, Bush buscava aliados para o conflito, que ele rechaçou dizendo que a guerra que ele iria travar na sua administração era contra a fome. "Minha guerra é contra a fome. Essa é a guerra que eu quero vencer no meu mandato. O senhor faça a sua guerra e eu faço a minha", disse Lula.
Bem humorado, afirmou que continua viajando pelos países da América do Sul mesmo depois de sua saída da Presidência. "É o jeito de não encher o saco da Dilma e não dar muito palpite aqui" concluiu, em palestra intitulada "Brasil no mundo - Mudanças e Transformações", na conferência "2003-2013: Uma nova Política Externa".
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Governo Lula impulsiona lobby pró-aborto longe dos holofotes
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk no Brasil aposta em locações residenciais
Doações dos EUA para o Fundo Amazônia frustram expectativas e afetam política ambiental de Lula
Deixe sua opinião