Após a acirrada disputa pela presidência da Câmara, na qual dois aliados seus se enfrentaram no segundo turno e criaram feridas ainda abertas na base governista, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convidou o candidato derrotado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) para discutir a relação na segunda-feira.
Se aceitar o convite, o comunista terá ao lado o novo presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP) e o vencedor da disputa no Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que superou por larga margem o oposicionista José Agripino Maia (PFL-RN).
Lula, que mais cedo na sexta-feira afirmou não ter pressa para conduzir a primeira reforma ministerial do seu segundo mandato, disse que estarão em pauta nas conversas o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no qual há medidas dependentes de aprovação no Congresso.
``Agora nós precisamos fazer com que a Câmara ajude o governo a cumprir a programação que está no PAC'', disse Lula a jornalistas após a celebração do shabat - símbolo máximo do judaísmo - em evento da Congregação Israelita Paulista.
``O Aldo é um extraordinário companheiro e na próxima segunda-feira vou conversar com ele, com o Chinaglia e com o Renan.''
A falta de um candidato único da base governista pelo terceiro cargo mais importante da República - substitui o presidente no caso da ausência do vice - criou tensão entre petistas e aliados históricos, como PCdoB e PSB.
Chinaglia venceu a eleição com 18 votos de vantagem sobre Aldo, o aliado que presidiu a Casa ao longo da mais grave crise do governo Lula.
Aliados do comunista afirmam que ele ficou bastante irritado após o resultado da votação de quinta-feira e atribuem a derrota à suposta facilidade com que petistas teriam oferecido cargos no governo em troca de apoio para Chinaglia.
Além das rusgas entre os apoiadores dos dois candidatos, a eleição para a presidência da Câmara também criou o confronto da criação de blocos, na busca por mais espaço nas comissões da Casa.
PCdoB, PSB e PDT formaram um bloco que pretende durar até 2010 e que buscou mostrar um Aldo Rebelo forte para a eleição. Em resposta, o PT de Chinaglia ajudou a formar uma frente com várias siglas na qual figuram mais de 270 deputados.
SHALOM
Recebido pelo amigo e rabino Henry Sobel, o presidente foi exaltado por muitos dos judeus ali presentes por conta das suas declarações contra o anti-semitismo e por ter influído na decisão da Organização das Nações Unidas (ONU) de rejeitar o questionamento do Holocausto, massacre de milhões de judeus pelo regime nazista de Adolf Hitler.
``Não podemos no século 21 aceitar a negação dos fatos históricos do século 20'', afirmou Lula em discurso, o último após vários oradores criticarem o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, por debater em um congresso sobre a existência do extermínio dos judeus pelos nazistas.
Tantos eram os elogios à posição do presidente que o rabino norte-americano Israel Singer se empolgou: ``Onde estava o senhor em 1937?'', perguntou. ``O senhor, que é um grande líder, influenciaria para que não houvesse o Holocausto.''
Depois da sua fala, Lula foi timidamente aplaudido por um grupo de pessoas na sinagoga, apesar de esse não ser um hábito durante a cerimônia do shabat. Por isso, o rabino Sobel interveio para acabar com a moderação dos ouvintes.
``Eu não me lembro de um shabat, um serviço religioso judaico, no qual aplaudimos um orador. Mas o senhor, sendo presidente da República, merece os aplausos de todos nós'', disse o líder religioso, prontamente atendido.
No evento também estiveram presentes os governadores paulista, José Serra, e baiano, Jaques Wagner, e o presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Dom Geraldo Magela Agnelo, além de embaixadores.
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