Arns é citado para o cargo de Sarney
Caroline Olinda
O senador paranaense Flávio Arns (PT) é cogitado pelos tucanos para substituir José Sarney (PMDB-AP) na presidência do Senado. O nome do paranaense foi citado pelo líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), em discurso na tribuna no início da semana e pelo presidente do partido, Sérgio Guerra (PE), como uma figura que pacificaria a Casa. "Aqui tem um (petista para pacificar o Senado), é do Paraná", declarou o senador pernambucano.
Arns garante que foi surpreendido pelas declarações dos líderes tucanos e que não é pré-candidato à presidência do Senado. Segundo ele, não houve qualquer conversa com PSDB ou PT sobre o assunto. "Eu fiquei surpreso com as declarações tanto de um, quanto de outro", diz o senador.
Na avaliação de Arns, o seu nome foi lembrado devido ao bom trânsito que tem entre os parlamentares de diversos partidos. "Eu penso que o trabalho deve ser conduzido com transparência e tranquilidade e acho que essas manifestações são apenas um reconhecimento a essa minha postura", diz. Segundo o senador, a avaliação de que o sucessor de Sarney deve ser alguém que pacifique o Senado é quase geral. "A presença de Sarney na presidência do Senado coloca uma dificuldade grande no andamento do processo", avalia.
Atos secretos
Anulação de boletins vale a partir de hoje
A anulação dos 663 atos secretos deve passar a ter validade a partir de hoje, quando a decisão do presidente do Senado, José Sarney, for publicada no "Diário Oficial do Senado.
O advogado-geral do Senado, Luiz Fernando Bandeira, disse que o comando do Senado espera um levantamento sobre o número de funcionários atingidos pela decisão que deve ser concluído até sexta-feira para solicitar aos gabinetes que comecem as demissões. "O efeito é imediato." Cerca de 200 funcionários nomeados por ato secreto deverão ser exonerados.
Fraude
PF indicia filho de Sarney
O empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), foi indiciado ontem pela Polícia Federal sob a acusação, entre outros crimes, de formação de quadrilha, tráfico de influência e falsificação de documentos para favorecer empresas privadas em contratos com estatais.
Fernando é o principal alvo da Operação Boi Barrica, da PF, criada há três anos para apurar saques de pelo menos R$ 3,5 milhões relacionados a empresas da família Sarney em 2006. Ele e seu advogado não quiseram dar entrevistas. O empresário sempre negou ter cometido irregularidades.
Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante discurso para defender o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) acabou criando uma enorme saia-justa com todos os senadores. Questionado se a mistura de pré-sal com a CPI da Petrobras daria em pizza, Lula respondeu: "Depende. Todos eles são bons pizzaiolos".
A declaração, feita após a cerimônia de posse do novo presidente da Embrapa, gerou reação imediata no Senado. Em votação secreta, parlamentares rejeitaram a recondução de Bruno Pagnoccheschi como diretor da Agência Nacional de Águas (ANA), um técnico especialista no setor.
Além disso, vários senadores, tanto da base como da oposição, subiram à tribuna para criticar o presidente. O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que se disse "profundamente ofendido em ser chamado de pizzaiolo", propôs que Sarney formalizasse uma nota de repúdio em nome dos 81 senadores. O vice-presidente da Casa, Marconi Perillo (PSDB-GO), que presidia a sessão, afirmou que vai pedir à Mesa Diretora para cobrar explicações do presidente. "O presidente não tem autoridade moral para criticar o Senado", disse.
A crítica mais dura partiu do senador Alvaro Dias (PSDB-PR). "O presidente se tornou o maior pizzaiolo do país quando não tomou providências e não puniu os acusados de seu governo envolvidos em corrupção. Ele sempre passou a mão por prática de atos ilícitos em seu governo. Não há respeito do presidente ao Senado e ao Parlamento. Ele tem direito de não respeitar pessoas, mas não a instituição", disse. Para Alvaro, Lula age de forma irresponsável. "O presidente não orienta, ele desorienta. Ele está acostumado a comportamento irresponsável e não exerce o mandato de presidente com a liturgia que o cargo exige."
O senador Demóstenes Torres (DEM-GO), ironizou a frase do presidente. "Quero dizer que concordo com a declaração pois outro dia ele traiu o PT para apoiar a candidatura do presidente Sarney e desde então o Senado se transformou em uma grande fábrica de pizzas", disse.
CPI
Lula voltou a criticar a instalação da CPI da Petrobras, mas reiterou que não está preocupado com as investigações. "Na verdade, a CPI pode ser muito interessante para quem quer fazer um carnaval, mas, para quem quer investigar seriamente, precisa ter outros mecanismos", declarou.
Sarney
Lula disse ontem que Sarney não deveria renunciar enquanto as denúncias apresentadas contra ele não fossem comprovadas. "Ora, se cada pessoa renunciar quando alguém faz uma denúncia sem prova e antes de ser provado, o Brasil não vai ter nem síndico", disse ele. Para o presidente, Sarney está tomando as medidas adequadas para apurar as denúncias de irregularidades no Senado. Depois de ser criticado por dizer que Sarney merecia um tratamento diferenciado como ex-presidente, Lula disse ontem que todos devem ser investigados. Lula disse ainda que não iria se intrometer na crise do Senado, pois os senadores já tinham maioridade.
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