O ex-presidente Lula comparou, na noite desta quarta-feira (10), o escândalo de corrupção na Petrobras ao processo do mensalão e disse que, quando a investigação chegar ao Supremo Tribunal Federal, a imprensa já terá condenado o PT. Ele também ironizou a oposição, dizendo que até parece que eles arrecadam dinheiro para as campanhas eleitorais no Criança Esperança, e não com empresários.
"Agora a bola da vez somos nós. O PT não pode continuar crescendo, tem que ser atacado de todos os lados, em todas as frentes, com artilharia leve e pesada. Vamos fazer guerra eletrônica contra o PT, não importa se é verdade ou mentira. Vamos tentar difamar, destruir esse partido. No processo do mensalão, os companheiros que foram julgados já estavam condenados. Esse processo da Petrobras, o que a gente está vendo é que quando chegar na Suprema Corte, quando o Teori (Zavascki) for analisar a delação premiada, instrumento criado por nós, a imprensa já vai ter condenado. Todo o vazamento é contra o PT", disse Lula, ao discursar no lançamento da segunda etapa do 5º Congresso do PT.
Em um evento marcado por ataques aos oposicionistas, chamado de "coxinhas" pelo presidente do PT, Rui Falcão, Lula ironizou as críticas recebidas pelo partido: "A presidente Dilma tentou explicar isso muitas vezes na campanha eleitoral, mas nossos adversários nunca quiseram compreender, como se quem faz campanha pedindo dinheiro para empresário fosse só o PT. Me parece que os tucanos arrecadam dinheiro em campanha como o Criança Esperança, de tão nobre que eles são."
O ex-presidente afirmou que o PT não vai aceitar a pecha de corrupto, conclamou a militância a reagir e disse que quem errou será punido: "É hora dos petistas levantarem a cabeça, enfrentarem o debate da corrupção. A gente não pode aceitar a pecha que eles querem nos incutir na nossa testa. Não sou melhor do que ninguém, mas se enfiar todos eles um dentro do outro, eles não são mais honestos do que eu nem nenhum de vocês."
No momento em que a segunda etapa do 5º Congresso do partido, que acontecerá em junho, em Salvador, vai discutir a atualização do programa e do estatuto do PT, Lula comparou a sigla a um filho que cresce e começa a dar trabalho: "Não nascemos para ser igual aos outros, não nascemos para fazer campanha com cabos eleitorais pagos. Aí nasce o político profissional. A gente tinha menos voto, mas tinha mais orgulho, andava de cabeça erguida, querendo que as pessoas copiassem a gente."
Conclamado pela militância a disputar as eleições de 2018, Lula disse que o momento agora é de garantir que a presidente Dilma Rousseff faça um bom governo em seu segundo mandato. E alertou que os próximos quatro anos serão tempos difíceis: "Ninguém tem que pensar neste momento em 2018, temos que pensar na posse da presidente Dilma e do sinal que temos que dar a esse país. Na expectativa que a presidente Dilma anuncie no dia 1º o que serão os próximos quatro anos do ponto de vista econômico, das politicas sociais, de desenvolvimento, de crescimento, para que a gente possa recuperar neste país a alegria.. É importante que a gente não perca de vista que os tempos que virão pela frente não serão fáceis.
Os discurso da noite, tanto de Lula e Rui Falcão, como do governador da Bahia, Jaques Wagner, criticaram a oposição por não descer do palanque, segundo eles. E conclamaram a militância a dar uma demonstração de força na posse da presidente Dilma, fazendo uma grande festa popular em Brasília: "Eu perdi 89 e todo mundo sabe como perdi, entretanto não fiquei na rua protestando, fui me preparar para a outra. ( ) Quando a gente perdia a gente acatava o resultado. Eles acham que a campanha não acabou. A gente não pode ficar nessa disputa com eles. Eles fazem uma passeata um dia e a gente no outro. Ninguém aguenta. A Dilma precisa governar. Deixa a mulher trabalhar gente, ela ganhou as eleições", disse Lula.
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