O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez duras críticas ao PSDB nesta sexta-feira (15), pouco antes de embarcar para a Arábia Saudita, por manobrar pela criação de uma CPI no Senado para investigar a Petrobras. Contrariado, Lula disse que os senadores tucanos agiram como se estivessem "numa briga de adolescentes".
A CPI, pedida pelo senador Álvaro Dias (PSDB-PR) e assinado por 32 senadores de cinco partidos (PSDB, DEM, PMDB, PTB e PDT), tem como objetivo investigar fraudes em licitações e denúncias de desvio de royalties de petróleo, além de irregularidades apontadas pelo Tribunal de Contas da União em contratos para a construção de plataformas e da refinaria Abreu e Lima (PE). A suposta utilização de artifícios contábeis para reduzir o recolhimento de tributos e possíveis irregularidades em patrocínios também estão no requerimento.
Lula disse que não acredita na participação de governadores tucanos ou dos pré-candidatos da sigla à Presidência da República na manobra que criou a CPI no Senado.
"Não acredito que isso seja coisa dos governadores ou de possíveis candidatos do PSDB. Possivelmente isso seja muito mais de interesse de pessoas que estão a um ano e meio do final do mandato e não têm certeza se voltarão como senadores. Possivelmente seja isso", afirmou.
Lula não poupou críticas ao maior partido de oposição ao seu governo e classificou a disputa pela criação da CPI como "briga de adolescente". "É uma CPI muito mais do PSDB. Eu, sinceramente, acho estranho que um partido que governou o país por oito anos, que um partido que já teve dezenas de governadores, que tem governadores nos estados mais importantes do país tome uma decisão irresponsável como essa. Irresponsável porque parece uma briga de adolescente. Ou seja, não há nenhuma explicação lógica para essa CPI", atacou.
Segundo ele, a criação de uma CPI contra a Petrobras prejudica a empresa e o país. Lula disse que a empresa está buscando investimento externo para financiar a exploração de petróleo da camada pré-sal, e uma investigação no Congresso atrapalharia esses objetivos.
"Eu acho que nesse momento em que a gente está viajando o mundo para buscar dinheiro para financiar a exploração do pré-sal, nesse momento em que todo mundo sabe a gravidade da crise mundial, que a gente está fazendo um esforço muito grande para começar um debate público sobre a nova regulamentação da lei do petróleo no Brasil, alguém levantar a ideia de uma CPI contra a Petrobras é, no mínimo, ser pouco patriota. É, no mínimo, ser pouco responsável com o Brasil", criticou. Tucanos nervosos
O presidente ironizou ainda a postura dos senadores tucanos que na quinta-feira (14) demonstravam insatisfação e nervosismo pela CPI não ter sido criada na sessão ordinária do Senado.
"O PSDB ficou nervoso. Assim ninguém ganha eleição. Eu perdi três eleições muito nervoso. Quando eu fiquei calmo eu ganhei a eleição. Meu conselho é que se alguém quiser ganhar a eleição não fique nervoso, porque a cara das pessoas nervosas na televisão assusta. Então, é melhor ficar calmo e tranqüilo e fazer uma campanha muito alegre, prazerosa, porque é assim que a gente ganha eleição", disse rindo.
Ele negou ainda que o governo tenha cochilado ao permitir que numa sessão de sexta-feira (15) pela manhã, quando normalmente há poucos senadores na Casa, a criação de uma CPI contra a estatal.
"Esse governo passa acordado 24 horas por dia. Não existe cochilo do governo. O governo não controla o Congresso nacional, ele é livre e autônomo para resolver suas questões, mas é preciso entender que a responsabilidade não foi do Congresso Nacional, mas de um partido político", salientou.
CPI da Petrobras
O PSDB insistiu e conseguiu na manhã desta sexta-feira a leitura do requerimento de criação da CPI da Petrobras. Com a leitura, os 32 senadores que assinaram o pedido tem até meia-noite para retirar seu apoio. Se forem mantidas ao menos 27 assinaturas, será aberto o prazo para que os líderes indiquem representantes e a CPI será instalada. O requerimento de criação foi lido pelo senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) a pedido do primeiro vice-presidente Marconi Perillo (PSDB-GO).
A recusa de integrantes da Mesa em ler o requerimento provocou bate-boca na sessão de quinta-feira (14). O PSDB havia pedido a leitura descumprindo um acordo feito pelos líderes para o adiamento da criação da comissão.
Na manhã desta sexta-feira, o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), que não participou da reunião para o adiamento, pediu novamente a leitura. "O que vale não é o acordo de líderes, mas o direito da minoria. Supondo que eu estivesse lá, eu poderia ter mudado de idéia. Já casei mais de uma vez".
O requerimento lido é de autoria do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) e conta com a assinatura de 32 senadores de cinco partidos, PSDB, DEM, PMDB, PTB e PDT. O objetivo é investigar fraudes em licitações e denúncias de desvio de royalties de petróleo, apontados pela Polícia Federal, além de irregularidades em contratos para a construção de plataformas e da refinaria Abreu e Lima (PE), apontados pelo Tribunal de Contas da União. A suposta utilização de artifícios contábeis para reduzir o recolhimento de tributos e possíveis irregularidades em patrocínios também estão no requerimento.
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