Lula critica “aves de mau agouro” que não vêem avanço

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Quixadá, CE (Folhapress) – Num discurso de mais de meia hora, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou ontem as "aves de mau agouro" – as pessoas que "não querem enxergar um dedo na frente do nariz as coisas que acontecem neste país".

A declaração de Lula aconteceu em Quixadá (CE), município administrado pelo PT, no lançamento de um programa de crédito do Banco do Brasil e na inauguração de um galpão para a venda de produtos agrícolas. Cerca de 5 mil pessoas acompanharam o evento.

O presidente falou de improviso, apesar de ter um texto pronto nas mãos. Antes de discursar, segurava um terço na mão. Na quinta-feira, em Brasília, ele usou um broche com a imagem de Nossa Senhora Aparecida.

O presidente não chegou a dizer quem eram as "aves de mau agouro", mas afirmou que era preciso "lembrar alguns números" de sua administração porque "muitas vezes a imprensa não escreve mais, de tanto que eu já falei".

Conquistas sociais

Na primeira parte de sua fala em Quixadá, o presidente exaltou os avanços sociais alcançados em seu governo; na segunda, tratou da atual crise política, citando uma frase provavelmente inspirada no poeta Pablo Neruda.

"No tempo em que comecei a fazer o PT e andava por esse país afora, eu dizia uma coisa que eu pensei que tivesse esquecido. Naquele tempo eu dizia assim: ‘Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas não conseguirão deter a chegada da primavera’... Vocês não podem, em nenhum momento, achar que não vale a pena participar da vida política, porque quando nada mais neste país valer a pena, o nosso povo vale a pena e tem que acreditar que encontrará a solução para os problemas do país", disse.

O presidente reclamou das acusações contra o governo: "Eu ando chateado, sofrendo muito quando eu vejo denúncias e mais denúncias, insinuações e mais insinuações, e nenhuma prova até agora que possa condenar qualquer pessoa". E voltou a pedir punições severas, a quem quer que seja que tenha cometido delitos, e a falar sobre a necessidade de uma reforma política: "Mas vamos ter paciência, deixar as coisas acontecerem, porque mentira e verdade vão aparecer".