São Paulo (Folhapress) Em discurso ontem, em São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou coerência do empresariado do país, descartou intervenção no dólar, criticou acusações sem provas num claro recado às CPIs e pediu o reconhecimento de suas ações na área econômica, afirmando que o Brasil entrou numa rota de desenvolvimento sustentável mesmo após "120 dias subordinado a centenas e centenas de denúncias".
"Vivemos um momento que merece reflexão do setor empresarial, dos trabalhadores e da classe política brasileira. Faz 120 dias que o Brasil vive subordinado a centenas e centenas de denúncias. As mentiras irão aparecer e as verdades também. O povo precisa ter cautela porque o denuncismo ficou solto durante quatro, cinco meses", afirmou Lula, na abertura do 6.º Seminário da Indústria Brasileira da Construção, realizado na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Lula disse ainda que o governo não cedeu durante toda a crise. "Trabalhamos com muito cuidado para não permitir que viesse a criar qualquer problema na economia", afirmou ele. "Por exemplo, quando aprovaram o salário mínimo de R$ 384, disse textualmente que iria vetar porque as prefeituras não poderiam pagar e muito menos a Previdência suportaria", comentou, acrescentando que não haverá "medidas eleitoreiras" em 2006.
Juros
Nesse momento, Lula se dirigiu diretamente aos empresários presentes no evento, que momentos antes de seu discurso haviam criticado a política de juros e cobrado mais investimento do governo. "Durante a campanha eu fiz muitos debates com o setor empresarial, aqui e no Brasil inteiro, e a coisa que os empresários mais reivindicavam para mim era que o Banco Central deveria ter autonomia. Agora as pessoas querem que eu determine a política de juros", afirmou Lula, que foi além: "Vocês cobraram de mim, durante dez anos, que o câmbio fosse flutuante, agora querem que eu determine o valor da moeda".
Em entrevista após o discurso de Lula, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, insistiu nas críticas à política de juros do governo federal. "Não acredito em crescimento sustentável com os juros mais altos do mundo", afirmou Skaf, referindo-se à taxa Selic, hoje em 19,5% ao ano.
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