Em visita ao Paraguai, o ex-presidente afirmou que os mais pobres “salvaram” a economia brasileira no passado| Foto: STRINGER/PARAGUAY/REUTERS

Em um momento em que a presidente Dilma Rousseff fala em “remédio amargo” para conter a crise, o ex-presidente Lula defendeu as despesas do governo em programas sociais.

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Em visita ao Paraguai, nesta terça (8), Lula afirmou que os mais pobres “salvaram” a economia brasileira no passado. E que os gastos com programas sociais não devem ser deixados de lado no orçamento da União.

Lula usou como exemplo a decisão que, segundo ele, tomou quando assumiu a presidência, em 2003, e decidiu criar o Fome Zero.

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“Era um momento em que a economia brasileira não estava bem, um momento muito difícil, que qualquer ministro da Fazenda, de qualquer país do mundo, iria dizer que não poderia fazer o programa porque não tinha dinheiro. Eu então resolvi que era exatamente naquele instante que nós tínhamos que dar o exemplo da inclusão dos mais pobres no orçamento da União”, disse Lula.

“Sempre a desculpa era que faltava dinheiro. Toda desculpa é que não tem dinheiro. E eu resolvi provar que era possível a gente mudar isso”, acrescentou o ex-presidente.

Na visão de Lula, a expansão da economia durante seu mandato (2003-2010) se deveu às políticas que incentivaram o consumo da camada mais carente da população e sugeriu que este deve ser o motor a ser reativado neste momento de dificuldades.

“O pobre ajudou a salvar o Brasil. Eu sempre digo que, antes de eu chegar à presidência, os pobres eram tratados como se fossem problema. E hoje eu digo que é a solução”, disse Lula.

ACREDITAR NOS POBRES

Referindo-se a programas de ajuste fiscal em outros países do mundo, Lula disse que os países passaram por contenções “muito fortes” e o resultado “foi que ficaram mais pobres do que estavam antes do ajuste”.

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“Eu, portanto, acho, que nós estamos em um momento muito importante de voltar a acreditar nos pobres outra vez”, afirmou Lula.

Segundo ele, porém, essas políticas enfrentam resistência de parte da sociedade e dentro do próprio governo.

“Vai ter gente que vai ser contra, que vai dizer que isso é criar uma sociedade de preguiçosos, de pessoas que não querem trabalhar”, disse Lula. “É muito difícil encontrar alguém dos setores da Fazenda e do Tesouro disposto a dar essa contribuição para ajudar aos que vêm de baixo.”

“É uma questão de opção, de definição política e social”, defendeu Lula.

Para o ex-presidente, os gastos com programas sociais são mais relevantes para a economia de um país do que investimentos em obras, como pontes ou estradas. Isso porque, segundo Lula, têm a capacidade de produzir um dinamismo econômico que incentiva as indústrias a produzirem mais e a contratar mais gente.

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“Ninguém vai cuidar do pobre a não ser o Estado. Nós temos empresários muito bons, muito humanistas, de todas as qualidades. Mas eu não conheço nenhum empresário que irá fazer um investimento que não lhe garanta retorno”, disse Lula.

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