O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu punição para quem cometeu irregularidades no Senado. Segundo ele, é preciso investigar as denúncias e "tocar o barco para frente" porque o país tem "coisas muito importantes para serem discutidas".

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Lula concedeu entrevista ao grupo de comunicação RBS, em Porto Alegre (RS), na quinta-feira (25), mas o conteúdo foi divulgado apenas nesta sexta (26) pela Presidência da República.

"Que se faça uma investigação. A denúncia da denúncia, se faça uma investigação. Apresenta o resultado, pune quem tiver errado, faz o que tiver que fazer, e mata o assunto", declarou o presidente.

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Ele disse, porém, não crer em renúncias em razão da atual crise no Senado. "Nenhum senador vai renunciar ao mandato, nenhum senador vai pedir as contas. Eu acho que eles vão se acertar e vão prestar a conta que a sociedade quer."

Para o presidente, não se pode ficar "a vida inteira falando daquilo sem que haja uma solução". "Eu acho que os senadores, todos eles têm mais de 35 anos de idade, portanto, estão na idade adulta. Eles têm que tomar as medidas para fazer as coisas acontecerem. Ah, quem está errado? Fulano, beltrano e cicrano? Puna-se, sabe. Quem está certo? Fulano, beltrano e cicrano? Fica."

Assim como tem tido nos últimos dias, Lula disse novamente que o país tem coisas mais importantes para discutir. " Dizima esse problema e vamos tocar o barco para a frente, porque nós temos coisas muito importantes para serem discutidas neste país."

CPI

Ao responder uma pergunta sobre a suposta influência do governo para instalação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar a governadora gaúcha Yeda Crusius (PSDB), Lula negou interferência.

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Em seguida, ele criticou o uso político das CPIs. "O dado concreto é que quando você tem que fazer uma CPI, você tem que ter uma coisa muito concreta, uma coisa muito objetiva para você pedir uma CPI. Você não pode fazer de cada CPI, sabe, um samba do crioulo doido."

Sobre a CPI para apurar atuação da Petrobras, o presidente afirmou que as investigações podem prejudicar a imagem da empresa, que, segundo ele, já teve dificuldade em obter US$ 10 bilhões emprestados do governo chinês.

"Ora, se uma empresa que tem o nome da Petrobras, que tem a imagem da Petrobras, tem dificuldade de tomar dinheiro, eu fico imaginando se começar um processo de achincalhamento, porque o denuncismo é isso."

2010

Sobre se o PMDB poderia indicar vice na chapa da ministra Dilma Rousseff na disputa presidencial em 2010, ele disse que a legenda "tem potencial", mas que dependerá também da própria Dilma. "O vice tem que ser uma pessoa que a candidata a presidente escolha. Ela não pode receber um vice porque ele é do maior partido ou é do menor. (...) Você não pode ter um vice que não tenha uma afinidade política, ideológica e visão de Brasil junto."

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Questionado sobre se o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci poderia ocupar a Casa Civil após a saída de Dilma para a campanha eleitoral, ele disse que não "pretende" mudar os ministros, mas sim, promover os secretários executivos.

Disputas estaduais

Durante a entrevista, o presidente comentou sobre as disputas eleitorais nos estados.

Em São Paulo, ele considera que a entrada de Ciro Gomes na disputa pode dar "trabalho" aos adversários. "Eu acho que o Ciro Gomes tem condições de ser candidato em qualquer lugar do Brasil que ele queira ser candidato. Eu, por enquanto estou vendo só especulação, não tem nada sério. Mas eu acho que o Ciro Gomes daria trabalho em São Paulo."

No Rio Grande do Sul, destacou a liderança do ministro da Justiça Tarso Genro na disputa, mas pediu que seja feito acordo com os partidos aliados, principalmente o PMDB.

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"Estou convencido que é possível construir uma aliança política, uma aliança política que envolva o PMDB, que envolva o PDT, que envolva o PTB, o PCdoB, e disputar as eleições. Agora, se essa aliança não der certo, nós temos que ter a maturidade de saber como nós vamos nos tratar no primeiro turno, porque sempre há a possibilidade dessa aliança se concretizar no segundo turno."

2014

O presidente afirmou ainda que não quer comentar se pode tentar ser candidato a presidente novamente em 2014. "Se a Dilma for eleita, eu vou torcer para ela fazer o melhor que alguém possa fazer neste país e ela ser candidata à reeleição. Ora, se for um adversário que ganhe, aí sim, pode estar previsto. Bom, em 2014 é possível voltar. Depende."