Brasília (AG) – Horas antes do depoimento do ministro da Fazenda, Antônio Palocci, na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso em que defendeu a política econômica, mas não citou em nenhum momento o nome de Palocci. Lula criticou aqueles que antecipam a discussão eleitoral de 2006 e, ao fazer um apelo para que a sociedade faça uma reflexão do momento político, Lula disse que os fundamentos da economia são sólidos e que não se pode jogar fora esta oportunidade.

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Ao condenar o debate eleitoral, Lula disse que a nação e seus dirigentes ficam "medíocres" quando se pensa o país apenas de quatro em quatro anos e não a longo prazo. O discurso pouco veemente em relação a Palocci surpreendeu integrantes do governo, já que se esperava, inclusive o próprio Palocci, uma defesa enfática como forma de reafirmar o apoio político ao ministro. Lula discursou na 3.ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação.

"Quero dizer para vocês prestarem atenção no momento político que o Brasil está vivendo. Se não houver compreensão do que está acontecendo no Brasil, poderemos permitir que o Brasil jogue fora essa oportunidade. Se analisarmos a combinação dos fatores positivos no país, vamos chegar à conclusão de que estamos com base sólida para esse país deixar de ser eternamente um país emergente", disse Lula, alertando: "Vai depender da sociedade brasileira definir corretamente o que queremos".

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O presidente disse que o Brasil vive o momento mais positivo de sua história desde o governo de Juscelino Kubitschek, na década de 50, e citou como "sucessos" da sua política econômica o crescimento, a geração de empregos (mais de 3 milhões em 2005), a queda da inflação, o superávit da balança comercial e o crescimento do poder de compra da massa salarial. "Digo todo dia que não há momento na história do Brasil em que tenhamos uma combinação de fatores tão positivos nesse país. Talvez nem tanto quanto cada um de nós gostaria que tivesse."

Sem citar a oposição, ele demonstrou irritação com o uso eleitoral das denúncias contra o governo. "As discussões político-eleitorais, vamos deixar para um pouco mais tarde. Sei que tem gente com muita sede de discutir isso agora. Tem gente só pensando nisso", disse Lula, irônico. Nesse momento, Lula pediu, por mais de uma vez, que a população se informasse mais porque num momento terão que definir o futuro do país, numa referência às eleições de 2006.

Momento

"Quero dizer para vocês prestarem atenção no momento político que o Brasil está vivendo. Leiam com muito cuidado todos os jornais, assistam com muito cuidado a todos os programas. Porque precisamos refletir sobre o que está acontecendo no Brasil e refletir muito, porque vocês não são só cientistas, vocês são seres humanos, são seres políticos e falam com outras pessoas. E, se não houver compreensão do que está acontecendo no Brasil, nesse momento, poderemos permitir que o Brasil jogue fora essa oportunidade", disse Lula.

Além de não citar o nome de Palocci, Lula ainda disse que é normal haver debate interno no governo. Na semana passada, Lula precisou intervir para acabar com a guerra pública entre Dilma Rousseff (Casa Civil) e Palocci sobre o futuro da política econômica. Lula citou como exemplo de divergência a Lei de Biossegurança, cuja regulamentação está atrasada.

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