Diante de grevistas do Incra, que levaram faixas de protesto a uma solenidade cobrando equiparação salarial com funcionários de outras autarquias, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou a democracia, que permite protestos até mesmo dentro do Palácio do Planalto. Lula fez um desabafo e voltou a defender a regulamentação do direito de greve para o funcionalismo público, com a possibilidade de descontar do salário os dias parados.
- Eu não sou contra a greve, eu vou regulamentar a greve. Ninguém pode ficar 70 dias sem trabalhar e depois receber o dia que não trabalhou - disse Lula, durante a cerimônia de lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar 2007/2008.
O presidente, que já havia iniciado o discurso falando em democracia, perguntou:
- Quando companheiros do Incra imaginavam que entrariam no Palácio para fazer protesto? Enquanto eu for presidente, o Incra pode gritar aqui, ou pode gritar lá fora. Na hora de fazer acordo, tem que sentar na mesa de negociação e fazer o acordo que é possível fazer - discursou o presidente, enquanto os servidores da autarquia levantavam uma faixa na qual se podia ler: "Lula não cumpriu os acordos".
A segurança tentou retirar, mas os funcionários resistiam. Por pouco não houve um confronto em pleno Salão Oeste do Palácio. Depois os manifestantes acabaram cedendo e baixaram a faixa.
Lula disse que, quando o governo federal dá aumento para uma categoria, todos passam a querer o reajuste. Ele sugeriu que os grevistas negociem com o Incra, mas observou que a folha de pagamento tem um limite.
- A folha de pagamento tem um limite, porque, se eu gastar tudo com folha de pagamento, eu não tenho dinheito para fazer o plano safra, para assistência técnica, para fazer os assentamentos. Nesta coisa de negociação, pode ter igual, mas melhor que eu não tem.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, chegou a ser vaiado durante seu discurso, quando afirmou que houve um reforço no Incra, com a criação de 4.500 cargos, nomeação de 1.800 servidores e recuperação de salários. Cassel disse, então, que existem diferenças salariais entre os trabalhadores do Incra e de outras autarquias, que precisam ser corrigidas.
- Quero aqui, mais uma vez, manifestar a disposição do nosso governo de iniciar já um processo de negociação, de superar esse problema, recuperar essas perdas e de nos encaminharmos positivamente para uma nova situação.
Durante a cerimônia foi retirada também uma faixa de apoio ao Plano Safra trazida por agricultores.
No último dia 22, os trabalhadores do Incra completaram um mês de greve.
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