O ex-presidente Lula estará hoje em São José dos Pinhais, na Grande Curitiba, para participar de um ato de apoio à pré-candidatura da senadora Gleisi Hoffmann (PT) ao governo do Paraná. Em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo, feita por e-mail, Lula comenta a situação do PT no Paraná e descarta a possibilidade de disputar a eleição presidencial deste ano no lugar de Dilma Rousseff embora não tenha fechado as portas para 2018.
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Há rumores de que o sr. poderia se candidatar à Presidência novamente nas eleições deste ano. Existe essa possibilidade?
Não existe. O que eu vou fazer nas eleições é ser um militante para a presidenta Dilma Rousseff continuar o bom trabalho que ela vem fazendo. A presidenta tem conseguido, em um cenário internacional adverso, manter o Brasil no rumo certo, e avançar nas conquistas sociais. Desde a crise de 2008, segundo a Organização Internacional do Trabalho, enquanto no mundo foram fechados 62 milhões de postos de trabalho, no Brasil foram criados 10,5 milhões de empregos. Um resultado incrível: a menor taxa de desemprego da nossa história. Além dos avanços importantes na educação, que já vinham do Prouni e o Fies, agora temos também o programa de formação profissional, o Pronatec e o Ciência Sem Fronteiras, que envia jovens para estudar nas melhores universidades do mundo, e a destinação de grande parte dos royalties do pré-sal para a educação. E na saúde temos o programa Mais Médicos. Acredito que, assim como eu tive um segundo mandato melhor que o primeiro, com a experiência destes anos a Dilma é a pessoa mais preparada para governar o país. E fará um segundo mandato ainda melhor.
O presidente do PT, Rui Falcão, disse no último dia 7 que é preciso reeleger Dilma neste ano para eleger o sr. em 2018. O sr. pode se candidatar em 2018 à Presidência?
Em política não devemos dizer nunca, mas é muito cedo para discutir 2018. Até lá espero que surjam novas lideranças. Eu acho que já cumpri minha missão na Presidência. Em 2014, a nossa candidata é a presidenta Dilma. Não deixei de ser um militante político porque saí da Presidência. Eu vou atuar como um ativista político até morrer, pois acredito que essa é a melhor maneira de melhorar a sociedade e combater as injustiças.
No último dia 5, o sr. se reuniu com a presidente Dilma Rousseff. Divulgou-se que o assunto tratado foi a insatisfação da base governista no Congresso, especialmente do PMDB. Quais conselhos o sr. deu à presidente?
Com a presidenta Dilma eu troco ideias, não dou conselhos. Trocamos ideia sobre as melhores perspectivas para o país. Mas, naturalmente, a boa política recomenda que uma conversa com a presidenta pertence à presidenta.
Que avaliação o sr. faz da recente decisão do STF de absolver nove réus condenados anteriormente por formação de quadrilha na ação penal 470, popularmente conhecida como mensalão?
Como o processo ainda não terminou, e eu sou um ex-presidente da República, prefiro esperar o término do julgamento para emitir minha opinião [a entrevista foi realizada antes da sessão de ontem do STF em que a ação foi praticamente encerrada].
Quais foram os erros de estratégia do PT que levaram o partido a nunca vencer eleições para a prefeitura de Curitiba e ao governo do Paraná, além de ter dificuldades nas eleições presidenciais no estado?
O PT do Paraná avançou muito na última década e ganhou, inclusive, uma disputa majoritária estadual, elegendo Gleisi Hoffmann para o Senado em 2010. Acho que foi importante em vários momentos o PT apoiar candidatos de partidos aliados ao governo do estado e à prefeitura de Curitiba. Junto com eles, vencemos diversas eleições. O PT quer crescer, mas também quer que os aliados cresçam. De qualquer forma, acho que o nosso partido acumulou forças, projetou grandes lideranças e se credenciou para disputar com boas chances de vitória o governo do Paraná nas próximas eleições. Temos uma excelente candidata, que será apoiada por uma ampla coligação de partidos e que tem tudo para promover um salto de qualidade no desenvolvimento econômico e social do Paraná.
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