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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em entrevista publicada pelo jornal La Nacion, da Argentina, neste domingo (19), que "será um privilégio para o país" se houver uma disputa eleitoral pela presidência da República entre a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o governador de São Paulo, José Serra.

Segundo ele, "será um luxo" se os eleitores tiverem que escolher entre Serra, Dilma ou o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE). O presidente disse ainda que nenhum desses candidatos e o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, outro possível candidato dos tucanos, podem ser considerados representantes da direita.

"Não vejo nada de direita nesses candidatos. Vejo companheiros de esquerda, de centro-esquerda e progressistas. Isso é um avanço extraordinário para o Brasil", disse Lula ao ser questionado sobre a sucessão presidencial.

Depois de 2010

Lula voltou a dizer, na entrevista, que não pensa em continuar na política partidária depois de 2010 e que vai "estranhar" ao acordar em 2 de janeiro de 2011 e não ter nenhum assessor por perto.

"Eu gostaria de trabalhar, e muito, com algum tema relacionado com a integração da América Latina. Também alguma coisa relacionada à África. Quero ver se posso ajudar de alguma maneira. Mas ainda não tenho a menor preocupação com o que vou fazer. Já recebi muitas coisas do povo", comentou.

Questionado sobre a sua defesa da alternância de poder como forma de fortalecer a democracia e a posição contrária do seu amigo e presidente da Venezuela, Hugo Chávez, Lula disse que é preciso compreender a cultura política de cada país. Ele evitou a polêmica, mas disse que não suportaria tantas disputas como Chávez.

"O meu orgulho é que depois desse governo teremos um novo paradigma de governabilidade nesse país. Isso também é válido para o Chávez. Quando escutamos as pessoas o criticando, temos que nos perguntar como era a Venezuela antes que ele aparecesse. Chávez melhorou muito a vida dos pobres e exerce a democracia. Eu, pessoalmente, não aguentaria disputar tantas eleições como ele. Um referendo hoje, outro amanhã. Eu não aguentaria", afirma Lula.

Jornada de trabalho

Lula disse ainda que, com o tempo, a sociedade vai perceber a necessidade de mudar para abrigar mais trabalhadores, e essa mudança virá por meio da redução da jornada de trabalho. Contudo, ele explica que isso não poderá ser feito por decreto e será necessário um tempo de maturação.

"Vai chegar o momento em que nos daremos conta de que vai ser necessário reduzir a jornada de trabalho para que mais pessoas possam ingressar no mercado de trabalho. E isso não será feito por decreto. Se fará à medida que haja um processo de maturação e quando as pessoas perceberem que a coisa vai ficar perigosa quando houver mais pessoas sem trabalho do que com trabalho. Vão ter que colocar mais pessoas para trabalhar e menos pessoas nas ruas", argumenta.

Lula confessa que torce pelo Boca Juniors na Argentina e que, se morasse no país vizinho, teria se tornado um peronista, mesmo sem entender o fenômeno, como confessou durante a entrevista.

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