O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta quinta-feira, que está feliz com os resultados das políticas sociais do governo. E destacou que houve crescimento da economia e melhora no nível de empregos durante sua gestão. Em entrevista a emissoras de rádio, o presidente reconheceu, no entanto, que ainda há muito a fazer.
- Estou feliz, mas acho que posso fazer muito ainda - disse.
E acrescentou:
- Temos que todo dia levantar pensando em fazer mais, porque isto é inerente ao ser humano. Todo mundo no Brasil sabe que quando eu tomei posse, em 2003, havia uma crença de que não era possível dar conta do recado. O risco-Brasil estava acima de 2000%, a inflação beirava 12%, o desemprego era muito grande e as exportações brasileiras tinham um superávit de apenas 13 bilhões. Não foi fácil. Posso dizer que me doía a alma e o coração, porque nós cortamos na carne. Fizemos um contingenciamento de quase R$ 14 bilhões, porque o orçamento que havia sido feito foi feito de forma irreal. Tivemos um ano muito duro. Mas foi graças a isto que hoje estamos numa situação mais confortável. O Brasil finalmente encontrou o caminho do desenvolvimento, que será mais duradouro. O crescimento não precisa ser de 10% ao ano, pode ser de 4%, 5%. Mas tem que ser contínuo e por longo prazo, para recuperar os vinte anos de atraso que tivemos no país.
Segundo Lula, seu governo conseguiu gerar o maior número de empregos dos últimos 25 anos. O presidente disse ainda que o número de vagas de trabalho vai aumentar mais em 2006. Lula destacou que espera atingir os índices de desemprego dos países desenvolvidos, com índices entre 4 e 5%.
- O Brasil, de 1980 até 2002, teve uma situação extremamente desagregadora do ponto de vista do emprego. Em 35 meses, nós criamos 3,6 milhões empregos de carteira profissional assinada. Em oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso, tivemos um saldo positivo mensal de oito mil empregos. Nos nossos 35 meses, tivemos um saldo de 108 mil empregos. É a maior quantidade de empregos criada no Brasil nos últimos 25 anos. Estamos gerando os empregos que precisamos, só não é na pressa que gostaríamos - declarou.
O presidente lembrou também que em seu governo as exportações e importações cresceram, assim como o mercado interno, e houve diminuição da inflação.
- Este é um fenômeno que não acontecia há muitos e muitos anos no Brasil. Temos que tratar o governo como tratamos a casa da gente. Com carinho. Só podemos comprar o que podemos comprar - acrescentou.
Lula chamou a atenção para a importância de a população acreditar no país:
- Se o Brasil todo acordar pensando de forma positiva, a força que esta energia vai passar para este país é tão grande que podemos nos transformar definitivamente numa grande potência. Eu não me conformo que o Brasil continue sendo um país emergente. Temos que ser um país desenvolvido.
E ressaltou a importância da fé:
- O mais importante é acreditar, primeiro na nossa força de vontade individual. Em segundo, acreditar que ninguém é de todo mau e estabelecer parceria com o lado bom. Em terceiro, acreditar numa coisa: eu continuo acreditando em todas as coisas que sonhei a vida inteira. Continuo tendo consciência de que o Brasil está vivendo um momento excepcional.
Lula citou programas de governo que considera bem-sucedidos, como o Bolsa Família, que beneficia 838 mil pessoas e é considerado pelo presidente o maior programa de transferência de renda do mundo. E também o Pro-Uni, que facilitou a entrada na universidade de 9.449 pessoas só no Rio de Janeiro, segundo o presidente.
O prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia, criticou uma declaração de Lula sobre o Bolsa Família. O presidente disse que a prefeitura do Rio deixou de pagar parte do benefício na cidade. Cesar contestou o presidente e afirmou que o acordo com o Ministério da Ação Social de participação no programa não inclui pagamento em dinheiro. O prefeito garantiu ainda que está cumprindo o que acertou com o governo federal.
- Falta a ele informação. No caso da prefeitura, há um acordo com o Ministério da Ação Social no qual a prefeitura do Rio aplica a contrapartida na 'porta de saída', ou seja, nos programas de reciclagem e inclusão no mercado de trabalho para que as pessoas não fiquem eternamente dependentes. Se ele telefonar ao Patrus (Ananias, ministro da Ação Social), vai ter a informação. Deve ter sido sopro de um petista sem voto aqui do Rio - disse Cesar Maia, por e-mail.
- Não creio que seja má fé do presidente. Espero - comentou o prefeito.