O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou as multas de R$ 5 mil e R$ 10 mil que sofreu em apenas uma semana, por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) - que o condenou por promover propaganda eleitoral antecipada para a ministra Dilma Rousseff -, para voltar a atacar a oposição e a desqualificar os governos anteriores ao seu.
Em entrevista ao jornal A Tarde, de Salvador, o presidente afirmou que as acusações que resultaram em sua punição são "barulho feito pela oposição por razões políticas" e o que tanto ele quanto Dilma fazem, ao comparecer a eventos, é "mostrar à sociedade de que maneira estamos aplicando os recursos dos impostos".
"Quando a oposição esteve no governo, não havia empreendimentos, não havia obras, não havia nada para ser inaugurado", alegou Lula. "Estamos prestando contas à população e mostrando nossos serviços, como devem fazer todos os governos. Se a ministra se empenhou em prol das melhorias que estamos implementando, por que, na hora da inauguração, ela tem de ficar recolhida em casa?"
O presidente disse que vai recorrer das decisões, porque, para ele, "não houve nem tem havido campanha antecipada, nem dissimulada". "Não podemos ser penalizados por tomar iniciativas, por criar programas, por investir em obras mais do que necessárias, que há muito tempo já deveriam ter sido feitas por outros governos."
Pré-sal
Na entrevista, Lula também disse acreditar que a disputa de Estados pelos royalties da extração de petróleo e gás da chamada camada pré-sal é precipitada e afirmou que o ideal é que a solução para a divisão seja tomada depois das eleições.
"De repente, (Estados e municípios) começaram a brigar pelo pirão antes mesmo de pescar o peixe", avaliou. "A decisão cabe ao Congresso que, eu espero e desejo, saberá encontrar a solução mais adequada. Para que o clima acirrado da disputa eleitoral não interfira numa decisão que vai valer por décadas, o ideal é decidir depois das eleições, quando haverá muito mais tranquilidade para buscarmos a melhor saída."
Eleições
Sobre as eleições, o presidente mostrou-se resignado com a falta de perspectivas de uma possível aliança entre o governador baiano, Jaques Wagner (PT), e o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB) - pré-candidatos ao governo do Estado.
"Se dependesse do meu desejo, na Bahia haveria palanque único (para a candidatura da ministra Dilma), mas a esta altura sei que será muito difícil", avaliou. "O que eu tenho a dizer aos concorrentes da nossa base é: disputem de maneira civilizada, respeitosa, façam uma competição no campo das ideias, das propostas para a Bahia, e mantenham a união no plano federal em torno da candidatura comprometida com o nosso projeto político."
Na manhã de hoje, durante a inauguração do Gasoduto Sudeste-Nordeste (Gasene), em Itabuna, no sul baiano, o governador mostrou ter entendido o recado. "As pessoas que estão aqui vieram para um ato institucional, isto aqui não é palanque eleitoral", disse Wagner, ao notar que parte da plateia vaiava Geddel. "Todos aqui são convidados do presidente. A gente bate palma para quem a gente gosta, mas se a gente não gosta, a gente fica calado, porque a festa fica mais bonita."
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