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Atualizado em 17/01/2006 às 18h49

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, nesta quarta-feira, a conciliação entre o líder do governo Arlindo Chinaglia (PT-SP) e o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), na disputa pela presidência da Casa. O presidente disse, no entanto, que o Palácio do Planalto não vai interferir na disputa.

- Não vai ter interfência do Planalto. O poder Legislativo é autônomo. Você sabe da relação que tenho com o Aldo e com o Arlindo. Trato todos como filhos. Eu nunca estou a favor de um filho. Vou sempre tentar criar a conciliação - disse Lula, após participar de cerimônia no Palácio do Planalto com prefeitos .

O presidente afirmou que, caso não haja consenso, o resultado da votação será respeitado:

- Eu gostaria que eles tivessem se colocado de acordo e que tivéssemos um candidato. Não foi possível e vamos esperar o resultado.

Mesmo afirmando que não inteferirá, o presidente deixou claro que ainda espera que haja uma conciliação entre Aldo e Chinaglia.

- Quando tem dois companheiros que você considera como irmãos e como filhos você não toma partido. Você espera que eles resolvam. Se eles não resolverem entre os dois, a democracia resolve - afirmou.

Aldo Rebelo reagiu com bom humor à declaração do presidente:

- Por um lado, me sinto rejuvenescido. Tenho gratidão pelo presidente porque me fez me sentir mais jovem. Respeito e compreendo a posição dele. A disputa é na esfera do Legislativo. Quando há disputa no Legislativo, a expectativa é de que o chefe do Executivo seja prudente, e o presidente adotou uma posição de prudência - afirmou.

Sobre a mudança de postura de Lula, que antes insistia numa candidatura única na base aliada, Aldo Rebelo respondeu apenas que sua candidatura não é do governo, e sim de toda a Câmara.

- A minha candidatura preenche os requisitos de uma posição institucional - disse.

O presidente da Câmara disse ainda que a democracia ganha com a candidatura alternativa do tucano Gustavo Fruet (PR), afirmando que ela reforça o caráter democrático das eleições no Parlamento. Para analistas, a candidatura de Fruet favorece um segundo turno na disputa.

- A candidatura do Fruet destaca o caráter democrático da Câmara. Ganha a democracia porque mostra que há espaço para todas as candidaturas - disse.

Lula começa a se dedicar ao Ministério em 1º de fevereiro, diz Tarso

O presidente Lula também disse não acreditar que a disputa vá pôr em risco a coalizão de governo.

- Eu acho que o Congresso Nacional tem consciência do papel que ele joga na política nacional. Por mais que tenha divergência no Congresso, o Congresso sempre aprovou as coisas que são importantes para o país. Eu acho que vai continuar aprovando. Nunca vejo dificuldade na relação com o Congresso, independentemente da quantidade de deputados e senadores. Todos têm responsabilidade e todos pensam no Brasil como eu penso - disse.

Também ao fim do encontro com os prefeitos, o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, disse que o presidente Lula começará a tratar do novo Ministério a partir do dia 1º de fevereiro. Tarso deixou claro que a data não se refere ao anúncio do novo Ministério, mas será a partir daí que o presidente passará a se dedicar com mais intensidade à montagem de sua nova equipe de govenro. De acordo com Tarso, o presidente quer, primeiro, fazer o anúncio do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), que deve acontecer na segunda-feira, para saber da repercussão em sua base e somente após disso irá se dedicar ao novo Ministério.

Governistas mostram preocupação com candidatura de Fruet

A candidatura de Fruet acendeu o alerta entre os governistas , que vêem risco numa disputa com um candidato da oposição. Lula declarou, no entanto, que não teme uma divisão da base aliada por conta da disputa. Para o presidente, o Congresso sabe de sua responsabilidade.

Nesta quarta-feira, o líder do PSDB, deputado Jutahy Magalhães (BA), que havia liderado movimento de apoio a Chinaglia, voltou atrás e saiu em defesa da candidatura de Fruet. Em entrevista à Rádio CBN, Jutahy informou que vai trabalhar em torno da unidade do partido, que volta a reunir a bancada no próximo dia 23, na tentativa de chegar a um consenso.

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