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Lula durante café da manhã com jornalistas do comitê de imprensa do Palácio do Planalto | Foto: Marcello Casal Jr/ABr
Lula durante café da manhã com jornalistas do comitê de imprensa do Palácio do Planalto| Foto: Foto: Marcello Casal Jr/ABr
  • Lula: panela de prata e todo o conforto, com dispensa de licitação.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira (27), durante café da manhã com jornalistas, que trabalha com a 'ideia fixa' de que a presidente eleita, Dilma Rousseff, seja candidata à reeleição em 2014. Lula também adiantou que antes de deixar o cargo definirá o destino do ex-ativista italiano Cesare Battisti.

Segundo ele, Dilma só não disputará o cargo pelo PT nas próximas eleições se ela não quiser. "A Dilma será minha candidata em 2014. Acho justo e legítimo que quem está no exercício do mandato possa tentar a reeleição", disse.O presidente ressaltou ainda que, no caso de Dilma vir a ser candidata à Presidência, não pretende disputar nenhum cargo para o Executivo estadual em 2014, nem mesmo o governo de São Paulo, governado há 16 anos pelo PSDB.

Questionado se seria uma espécie de "copiloto" de Dilma nos próximos quatro anos, Lula respondeu que não.

Lula afirmou que logo após deixar o governo, vai se dedicar a "desencarnar da Presidência".

"Estou interessado em passar um processo de desencarnação. [...] Vou passar um tempo sem me meter na política, sem dar palpite, tentando voltar ao mais próximo possível da normalidade". afirmou.

Leia mais sobre outros assuntos que Lula abordou durante o encontro:

Cesare Battisti

O presidente afirmou que vai decidir nesta semana, até o próximo dia 31, se extradita ou se mantém no Brasil o ex-ativista italiano Cesare Battisti, condenado na Itália por quatro assassinatos.

"Tomo a decisão nesta semana. Esta semana termina no dia 31", disse.

Erros e acertos

O presidente afirmou que não se arrepende de nenhuma ação adotada nos últimos oito anos e disse precisar de um tempo para analisar friamente erros e acertos do governo.

Ele disse ainda que, se voltasse atrás no tempo, não mudaria nenhuma indicação para o ministério. "Eu indicaria o mesmo ministério que indiquei. Indiquei os melhores", disse.

Segundo Lula, o governo atual "mudou a relação do Estado com a sociedade e do governo com os movimentos sociais." "Sou o resultado de uma sociedade em processo de efervescência, que culminou com minha chegada à Presidência", disse.

Terceiro mandato

O presidente afirmou não se arrepender de não ter enviado um projeto de emenda constitucional propondo a possibilidade de um terceiro mandato.

Ele afirmou que, como presidente de sindicato, na década de 60, institiu uma regra restringido a permanência no cargo a dois mandatos.

"Acredito na democracia e acredito na necessidade de renovação. Tem que ter sangue novo, senão vira uma ditadurazinha."

'Mágoa' com imprensa

Lula disse que o período de governo em que mais sentiu "mágoa" da mídia foi no episódio da queda de um avião da TAM nas proximidades do aeroporto de Congonhas, em julho de 2007. Segundo ele, a imprensa tentou "colocar 200 cadáveres nas costas do governo".

"A mágoa mais profunda foi quando caiu o avião da TAM. Fomos condenados à forca. Jogaram a culpa no governo e ninguém depois teve a sensibilidade de pedir desculpas", disse.

Regulação da mídia

Lula também defendeu a criação de um marco regulatório da imprensa. "Não defendo controle social da mídia, defendo responsabilidade da mídia. A mídia tem que parar de achar que não pode ser criticada."

Segundo o presidente, a legislação que rege a imprensa está defasada. "Temos uma legislação de 1962. Quando propomos um marco para modernizar a mídia, as pessoas acham que é autoritarismo. [A regulação] é necessária."

José Alencar

Ele elogiou o vice, José Alencar, internado em um hospital em São Paulo, e disse que a aliança dos dois significou a união entre "capital e trabalho".

"Duvido que no mundo alguém tenha encontrado um melhor vice. [...] Um sindicalista e um empresário fizeram uma aliança que poucas vezes se viu no Brasil. Atingimos quase a perfeição."

FHC

Questionado sobre a relação que tem com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Lula disse que os dois podem se tornar "amigos" depois que deixar o poder.

"Não levo para casa divergências. Os tucanos são os principais adversários do governo. Então, é normal que haja acirramento das relações. Mas quando reencontrá-lo é possível que sejamos amigos", disse.

Economia

O presidente elogiou a política econômica de seu governo e as medidas adotadas durante a crise financeira internacional.

Ele defendeu a existência de bancos públicos fortes para agilizar ações anticíclicas, como ampliação de crédito. Lula ressaltou que o Brasil saiu da crise "mais rapidamente" que outros países.

Questionado se estaria preocupado com a projeção do Banco Central de uma inflação de 5,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2011, disse que não.

"Estamos dentro da meta. Se a meta é 4,5% e pode ter dois pontos [percentuais] para mais ou para menos, estamos na meta. Não tenho preocupação com essa previsão para 2011."

Política externa

O presidente também comentou sobre a evolução da relação do Brasil com outros países nos últimos oito anos. Ele criticou os Estados Unidos ao dizer que o governo norte-americano tem que repensar a relação com a América Latina e deixar de lado a visão "imperialista".

"É preciso que os Estados Unidos percebam a importância da relação com a América Latina pela proximidade, pela quantidade de latinos nos Estados Unidos e por ser um continente de paz. Sempre houve uma relação de império com os países pobres", criticou.

Segundo Lula, os "momentos ícones" da política externa brasileira foram a criação da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), o convite da França para que o Brasil participasse de uma reunião do G8 e o acordo do Irã de troca de combustível nuclear, negociado por Brasil e Turquia.

Sobre este último, o presidente afirmou que o acordo não teve efeito porque os países ricos "tiveram inveja" da atuação brasileira. "A única coisa que fez não dar certo foi o Conselho de Segurança da ONU achar que alguém que não era do meio deles não podia fazer o que eles não conseguiram fazer."

Oriente Médio

Para o presidente, a paz no Oriente Médio, entre palestinos e israelenses, só será possível se os Estados Unidos deixarem der ser os únicos mediadores de um acordo.

"Não haverá acordo de paz no Oriente Médio enquanto os Estados Unidos acharem que podem sozinhos serem os tutores da paz, porque eles são partes do conflito", afirmou.

"A paz interessa para Israel e Palestina. Mas quantos não estão interessados?", indagou o presidente. Questionado se considera que os Estados Unidos estão interessados na paz, ele disse: "Sei que o povo está. [O governo norte-americano] não sei", disse.

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