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Em seu discurso de posse no Congresso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o país evoluiu muito nos últimos quatro anos, mas afirmou que ainda é preciso avançar em padrões éticos e em práticas políticas. O primeiro mandato do petista foi marcado por escândalos de corrupção, que abalaram a credibilidade do Congresso. Lula disse, no entanto, que os mecanismos de controle foram ampliados e que nunca se combateu tanto a corrupção e o crime organizado como agora.

- Nunca o mundo viveu, como vive hoje, um período de tão grande descrédito na política. Mas, paradoxalmente, nunca a política foi tão imprescindível. O Brasil ainda precisa avançar em padrões éticos e em práticas políticas. Mas hoje é muito melhor na eficiência dos seus mecanismos de controle e na fiscalização sobre seus governantes. Nunca se combateu tanto a corrupção e o crime organizado. Muita coisa melhorou na garantia dos direitos humanos, na defesa do meio-ambiente, na ampliação da cidadania e na valorização das minorias - discursou o presidente, após ser empossado ao lado do vice José Alencar.

O presidente saiu em defesa dos programas sociais do governo, como o Bolsa Família, e reagiu aos que dizem que seu governo é populista.

- Nosso governo nunca foi, nem é populista. Este governo foi, é e será popular. Temos de criar alternativas de trabalho e produção para os beneficiários dos nossos programas de transferência de renda - disse.

Acelerar, crescer e incluir

Segundo o presidente, os verbos "acelerar, crescer e incluir vão reger o Brasil nos próximos quatro anos". Lula disse que os efeitos das mudanças têm que ser sentidos rápida e amplamente. E afirmou que o esforço do governo não se esgota nas medidas que serão anunciadas em janeiro.

- Ao contrário, elas serão apenas o começo. Serão desdobradas e complementadas ao longo de todo o mandato, incorporando, inclusive, reformas mais amplas que seguramente estarão na pauta desta Casa.

Lula pediu ainda pressa, ousadia, coragem e criatividade para fazer o país crescer. Ele disse que, sem renegar a paciência e a persistência que sempre pediu ao país, agora é a hora de abrir novos caminhos e crescer com mais velocidade. Segundo ele, o país vive um momento único na economia, com inflação baixa, exportações e mercado interno em alta, ampliação do emprego e consumo popular.

- Em que momento de nossa História tivemos uma conjugação tão favorável e auspiciosa: de inflação baixa; crescimento das exportações; expansão do mercado interno, com aumento do consumo popular e do crédito; e ampliação do emprego e da renda dos trabalhadores? O Brasil ainda é igual, infelizmente, na permanência de injustiças contra as camadas mais pobres. Porém é diferente, para melhor, na erradicação da fome, na diminuição da desigualdade e do desemprego. É melhor na distribuição de renda, no acesso à educação, à saúde e à moradia. Muito já fizemos nessas áreas, mas precisamos fazer muito mais - avaliou.

Travas no crescimento

Segundo Lula, o Brasil ainda possui sérias travas ao seu crescimento e fragilidades nos seus instrumentos de gestão. Mas, segundo ele, o país melhorou na estabilidade monetária, na robustez fiscal, na qualidade da sua dívida, no acesso a novos mercados e a novas tecnologias, e na redução da vulnerabilidade externa.

- O trabalhador brasileiro ainda não ganha o que realmente merece, mas temos hoje um dos mais altos salários mínimos das últimas décadas, e os trabalhadores obtiveram ganhos reais em 90% das negociações salariais nestes últimos quatro anos. Criamos mais de 100 mil empregos por mês com carteira assinada, sem falar das ocupações informais e daquelas geradas pela agricultura familiar, totalizando mais de 7 milhões de novos postos de trabalho - disse.Lula diz que é preciso expandir crédito para aumentar investimentos

Expansão do crédito

O presidente disse que é preciso expandir o crédito nos próximos quatro anos e manter a trajetória de queda dos juros. Segundo ele, a meta é criar condições para que o volume de crédito atinja 50% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2010.

- Tenho claro que nenhum país consegue firmar uma política sólida de crescimento se o custo do capital, ou seja, o juro, for mais alto do que a taxa média de retorno dos negócios. Da mesma forma que é necessária uma expansão planejada do crédito. Nossa meta é criar condições para que sua expansão, até 2010, chegue a 50% do PIB, especialmente para o investimento, a infra-estrutura, a agricultura, a habitação e o consumo - afirmou.

De acordo com o presidente, o Brasil não pode continuar "como uma fera presa numa rede de aço invisível - debatendo-se, exaurindo-se, sem enxergar a teia que o aprisiona".

- É preciso desatar alguns nós decisivos para que o país possa usar a força que tem e avançar com toda velocidade - disse.Lula compara posse atual com a de 2003 e diz que se sente mais maduro

Mais maduro

O presidente afirmou que há quatro anos viveu a experiência mais importante de sua vida e que agora se sente mais maduro para os desafios de governar o país. Lula comparou a posse atual com a de 2003 e disse que mudou em algumas coisas, mas mantém seu compromisso com o povo e o país.

- Tudo é muito parecido, mas tudo é profundamente diferente. É igual e diferente o Brasil. É igual e diferente o mundo. E, eu, sou também igual e diferente. Sou igual naquilo que mais prezo: no profundo compromisso com o povo e com meu país. Sou diferente na consciência madura do que posso e do que não posso, no pleno conhecimento dos limites. Sou igual no ímpeto e na coragem de fazer. Sou diferente na experiência acumulada na difícil arte de governar - discursou.

Lula disse que chegou ao poder como resultado de "um poderoso movimento histórico".

- Pela primeira vez, a longa jornada de um retirante, que começara, como a de milhões de nordestinos, em cima de um pau-de-arara, terminava, como expressão de um projeto coletivo, na rampa do Planalto - afirmou.

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