A menos de uma semana de ter sua candidatura à reeleição oficializada pelo PT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamou, nesta segunda-feira, das limitações impostas à campanha pela legislação e das ações apresentadas contra ele pela oposição na Justiça Eleitoral.
A partir de julho, Lula e os governadores candidatos à reeleição ficarão impedidos de participar de inaugurações e utros eventos que possam caracterizar uso eleitoral do poder público.
- Eu acho que o Presidente da República não pode ficar trancado no gabinete porque é um ano eleitoral - disse Lula a jornalistas depois inaugurar a ligação elétrica de uma residência rural no povoado de Paiaiá , a 150 quilômetros de Salvador.
- O presidente tem de andar o país inteiro e fazer as coisas acontecerem.
Lula também defendeu que o governo faça publicidade de suas obras, mesmo as realizadas em parceria com governos estaduais e prefeituras, "para mostrar quem fez o quê''.
O governo apresentou nesta segunda ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sua defesa em ação proposta pelo PSDB e PFL sobre gastos com publicidade oficial.
- Se nós trabalhamos para fazer as coisas, vamos inaugurar, vamos dizer o que tem - acrescentou Lula. - O problema é que tem muita gente que queria que no Brasil estivesse tudo dando errado e que a minha amiga dona Luiza tivesse continuado na escuridão.
Luiza Conceição, a amiga a quem Lula se referiu, é a moradora da casa rural do Sítio Santa Rita, onde o presidente acendeu pela primeira vez uma lâmpada elétrica, simbolizando 3,3 milhões de pessoas atendidas pelo programa de eletrificação rural "Luz Para Todos'', que deve ser um dos carros-chefes da campanha da reeleição.
Provocada pelos repórteres, a moradora, viúva, mãe de cinco filhos, confirmou com uma expressão regional que votar em Lula em outubro:
- Ocheí - exclamou Luiza, ao ser perguntada sobre seu voto, abraçando o presidente em frente da casa iluminada.
Mas nem assim Lula quis confirmar a oficialização da candidatura, na convenção petista do próximo sábado. A confirmação limitará ainda mais os movimentos do presidente-candidato.
O Sítio Santa Rita fica distante dois quilômetros da sede do povoado de Paiaiá, que por sua vez fica a quinze quilômetros da sede do município de Santo Estêvão, na região baiana do Tabuleiro, predominantemente agrícola (feijão e sisal).
Antes de visitar o sítio, Lula falou a cerca de três mil pessoas na praça de esportes da escola municipal do Paiaiá.
- Não posso falar em candidato porque tem um pessoal que todo sano dia entra com processo contra mim na Justiça Eleitoral - queixou-se.
O presidente destacou no discurso que o governo federal é responsável por mais da metade dos investimentos de R$ 5,9 bilhões no Luz Para Todos, em parceria com os estados e as distribuidoras de energia.
A paternidade do programa é disputada na Bahia entre o governo federal e o estadual, controlado pelo PFL. O governador pefelista Paulo Souto recebeu Lula em Salvador mas não o acompanhou no interior. Lula disse que compreende os motivos de Souto e que ficar cada vez mais difícil ter a companhia de governadores de outros partidos ao longo da campanha eleitoral.
Mas o prefeito pefelista de Santo Estêvão, num discurso eloqüente, admitiu ter votado três vezes em Lula e disse que admira o presidente "acima das diferenças políticas e ideológicas".
Aplaudido pelos populares, que antes gritavam o nome de Lula, o prefeito admitiu uma quarta adesão:
- Diante de sua Excelência, eu me rendo.
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