Em seu mais forte discurso sobre a crise política, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira, no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), que adotará o exemplo de Juscelino Kubitschek para superar a crise, que é "ter paciência, paciência, paciência porque a verdade prevalecerá". Lula disse que muitos presidentes já passaram por crises, citando Getúlio Vargas, que se matou, Jânio Quadros, que renunciou, e Goulart, destituído pelo regime militar.
- Crise nesse país já levou o presidente Getúlio a se matar, Juscelino a ser mais achincalhado do que qualquer outro presidente desse país, o Jânio desistiu por causa do inimigo oculto e tão oculto que ele nem apontou para a gente. O Jango foi obrigado a renunciar. Não vou dizer o nome do mais recente, mas vou dizer uma coisa, sou homem de consciência muito tranqüila. Não farei como Getúlio, Jânio ou João Goulart. O meu comportamento será o de JK: paciência, paciência, paciência - discursou Lula.
Também no discurso, o presidente criticou a suposta pressa da oposição em antecipar o debate eleitoral e diz que seus adversários põem veneno na crise política. Ele citou especificamente a suposta tentativa de envolver "um ministro da magnitude de Márcio Thomaz Bastos" nas denúncias.
- As coisas ficam muito mais graves quando se coloca veneno na crise. Não posso aceitar que, a pretexto das eleições de 2006, possam agir de forma irresponsável. Quatro anos são uma eternidade para a oposição e um minuto para quem está no governo. A minha prioridade nunca foi a reeleição, mas a governança desse país - afirmou.
Lula disse que fica muito incomodado com a possibilidade de se envolver o governo nessa crise e afirmou que é preciso apurar os fatos e o envolvimento de petistas nas denúncias.
- Me incomoda muito essa possibilidade de envolver o govenro nessa crise. Sempre disse, não ficará pedra sobre pedra nessas investigações. Me orgulho de ter ajudado a criar o PT. Sou petista, tenho orgulho de ser petistas, mas a justiça começa dentro de casa. O PT teve um processo de sangria muito forte e cabe ao próprio PT julgar dentro do PT quem cometeu erro e puni-lo. E à justiça e ao Congresso também caberá punir onde puder - afirmou.
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