Num recado direto à oposição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dissse na noite desta segunda-feira que tem muita gente "nervosa" e "irritada" porque o fracasso preconizado pelos opositores virou sucesso do seu governo. Ao ter seu nome anunciado na abertura da 5ª Conferência Nacional de Assistência Social, no Centro de Convenções em Brasília, Lula foi fortemente aplaudido pela grande maioria do auditório lotado, mas houve vaias isoladas. Já no momento do discurso, o presidente foi aplaudido várias vezes.
Enfático, Lula desafiou a fazerem comparações entre os números sociais do seu governo e dos governos anteriores, afirmando que sua administração avançou mais do que as gestões passadas e que os dados da Pnad (Pesquisa Nacional de Amostragem por Domicílio), do IBGE, demonstram isso.
- E todo mundo sabe que diziam: esse governo não vai dar certo, que ele não sabe governar, não vai cuidar dos pobres, não vai fazer nada e vai ser um fracasso. E agora tem muita gente nervosa porque o fracasso virou sucesso - disse Lula, acrescentando:
- A gente pode comparar qualquer número, a gente pode comparar todos. Quando a gente pega os números da Pnad, que mostram que reduzimos em três anos a pobreza o que eles não fizeram 10 anos. Cada pesquisa que for feita pelo IBGE em 2005 vai ser melhor, em 2006 vai ser melhor. E vai ser melhor porque estamos trabalhando para isso.
Com o governo sendo alvo de várias CPIs do Congresso, Lula reclamou, mais uma vez, do espaço dado na mídia ao que chamou de notícias ruins.
- Muitas vezes as coisas boas que fazemos aparecem pouco ou aparecem só um dia. Agora, as coisas ruins são como notícias. Elas andam depressa e ficam martelando, martelando, martelando... - disse Lula, enfático.
No final do discurso, o presidente Lula demonstrou que havia escutado as poucas vaias. Durante a cerimônia, ele foi aplaudido a maior parte do tempo - os presentes cantaram inclusive "Parabéns a Você" pelo seu aniversário em outubro, quando completou 60 anos. Estavam no auditório 1.144 delegados.
- Muito mais que um discurso, o dia de hoje valeu. Não porque encontrei um grupo de homens e mulheres disposto a aplaudir ou a vaiar o presidente. Encontrei um grupo que está dizendo: presidente, independentemente do governo, do partido, o que queremos é uma política para ajudar os pobres - disse Lula, ao final do discurso, sendo aplaudido.
Em outro momento, Lula disse que era preciso ter paciência e ainda saber ouvir tanto elogios como críticas:
- São poucos políticos que desejam apenas ouvir elogios. É importante ouvi-los, quando são verdadeiros, da mesma forma que é importante ouvir a crítica quando ela é verdadeira. E dar à crítica a mesma importância que damos aos elogios. A política só é possível quando se tem paciência de ouvir. Ouvir muitas vezes para que sejamos convencidos de que estamos no caminho certo.
Irônico, o presidente disse, por várias vezes, que muitos apostavam no fracasso da política social e que os números, como os do Bolsa Família e dos recursos para o Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf), mostram que está havendo conquistas.
- Estamos avançando. Não com a pressa que gostaríamos, mas não com a lerdeza que avançamos nesses anos todos - respondeu Lula.
O presidente disse ainda que essas mudanças são o resultado da decisão de que política social é "investimento e não gasto". Lula disse que muitos acusam o governo de fazer assistencialismo, mas que o importante é ajudar da melhor forma a população mais pobre.
- Não temos razão para mentir. A política social não é gasto, é investimento - disse Lula.
O presidente estava bem-humorado durante todo o encontro e estava ao lado da primeira dama Marisa Letícia. A Conferência vai discutir a implantação do Sistema Único de Assistência Social (Suas) no país.