O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que o mundo não será seguro enquanto houver miséria, em discurso na abertura da 61ª Assembléia-Geral das Nações Unidas em Nova York, nos Estados Unidos. Tradicionalmente, o Brasil abre os debates do evento anual.
- A fome alimenta a violência e o fanatismo. O mundo de famintos nunca será um lugar seguro - declarou.
Lula aproveitou a último compromisso internacional antes da eleição para fazer um discurso de líder mundial, no dia em que receberá o prêmio de estadista do ano da Fundação Apelo à Consciência.
Para o presidente, a busca de uma nova ordem mundial mais justa e democrática, que priorize o desenvolvimento social e econômico, beneficiará principalmente os países ricos. Segundo ele, a paz só virá com o desenvolvimento compartilhado.
- Que não se iludam os países ricos: por mais fortes que hoje sejam, ninguém está seguro em um mundo de injustiças. A guerra jamais trará segurança, a guerra só gera monstros, o rancor, a intolerância, o fundamentalismo, a negação destrutiva das atuais hegemonias. É preciso dar razões aos pobres para viver, não para matar ou morrer - destacou. - Só haverá segurança no mundo se todos tiverem direito ao desenvolvimento econômico e social. Se não quisermos globalizar a guerra é preciso globalizar a justiça.
Lula afirmou que hoje existem cerca de 840 milhões de pessoas passando fome no mundo, o equivalente a quase um em cada sete habitantes . De acordo com ele, são necessários US$ 50 bilhões a mais por ano para atingir as metas de desenvolvimento do milênio, definidas pela ONU, no prazo estipulado de 2015.
- A comunidade internacional pode fazer isso - avaliou.
Ele argumentou que o problema poderia ser resolvido com menos do que já foi gasto em projetos como o de integração dos países do leste europeu à União Européia e em conflitos e guerras:
- Com muito menos, poderíamos mudar a triste realidade de uma grande parcela da população mundial, poderíamos aliviar o sofrimento dessas pessoas e retirá-las da indigência.
O presidente reforçou a necessidade de que a comunidade internacional dê prioridade efetiva às ações de combate à fome e à pobreza. E voltou a afirmar que destinar recursos para a área social não é gasto, é investimento.
Segundo Lula, houve avanços nesse sentido desde a reunião de líderes mundiais, em 2004, quando houve uma "forte mobilização" em torno do tema. Ele destacou a adoção de mecanismo inovadores, como a contribuição solidária sobre passagens áreas internacionais e a criação de uma central internacional para a compra de medicamentos contra a Aids, tuberculose e malária.
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