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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou de politiqueira a decisão do Congresso de conceder reajuste de 16,67% para os aposentados que ganham acima do salário-mínimo. Lula justificou sua decisão de vetar o aumento nesta segunda-feira, durante almoço no Itamaraty, afirmando que não pode se preocupar com eventual desgaste eleitoral. Para os aposentados e pensionistas do INSS que recebem mais de um salário-mínimo, a proposta do governo é de um reajuste de 5%.

- Eu não posso ficar preocupado com problemas político-eleitorais. Tenho que ter responsabilidade orçamentária, e não há recursos no Orçamento para este reajuste - disse Lula, referindo-se ao gasto extra de R$ 7 bilhões que o reajuste de 16,67% para todos os aposentadores provocaria nas contas do Tesouro só este ano.

Evitando externar preocupação com o desgaste eleitoral decorrente do veto, alvo de críticas da oposição , Lula recordou que o aumento do salário-mínimo para R$ 350, que representa um aumento real de 13%, foi negociado pelo ministro do Trabalho, Luiz Marinho, com todas as centrais sindicais. Da mesma forma que o reajuste de 5% foi resultante de acordo do Ministério da Previdência com associações de aposentados.

- De repente as pessoas lá no Congresso resolveram incluir coisas impossíveis na medida, como este aumento. Elas conhecem o Orçamento, sabiam o que estavam fazendo. Este reajuste é tão politiqueiro que nem os aposentados reivindicaram. Eu tinha que vetar, tenho que ter responsabilidade, a Previdência já tem um rombo muito grande - afirmou Lula, após almoço oferecido ao presidente de Gana, John Agyekum Kufuo.

Perguntado se não teme perder votos de aposentados, Lula evitou novamente tratar das conseqüências eleitorais:

- O ministro da Previdência (Nelson Machado) vai explicar tudo, vai mostrar os números, não será difícil compreender isso.

Nelson Machado, por sua vez, lembrou o acordo de reajuste firmado no início deste ano com as centrais sindicais e representantes da categoria . E disse não ter condições de avaliar os impactos negativos na campanha eleitoral do veto do presidente Lula ao reajuste.

- Nós esperamos que o Congresso permita ao governo cumprir esse acordo, aprovando a nossa MP, ou que as emendas aprovadas sejam de tal forma que não prejudiquem esse acordo.

O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, afirmou que o governo "não abre mão" de conceder os 5% de aumento .

- Não é justo, por mais que a oposição queira exibir sua dedicação para os trabalhadores, que um gesto como esse num momento político acabe por impedir que os trabalhadores recebam aqueles valores acordados pelas centrais sindicais - disse o ministro.

Já o senador petista Paulo Paim (RS), inconformado com a decisão de Lula, disse que está disposto a trabalhar pela derrubada do veto presidencial . A despeito do esvaziamento do Congresso por causa do início das campanhas eleitorais, Paim está confiante que o Legislativo poderá garantir o aumento para os aposentados e pensionistas.

- Acho que foi um equívoco o veto. Essa decisão prejudica nove milhões de pessoas que estavam na expectativa de receber esse reajuste. Antes de optar pelo veto, os ministros envolvidos deveriam ter chamado os parlamentares envolvidos mais diretamente nessa discussão para negociar. Agora, vamos nos preparar para uma batalha para derrubar o veto - avisou Paim.

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