São Paulo (Folhapress) No primeiro dia de visita à França, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a queda da inflação e os esforços para o corte de gastos públicos devem levar à queda dos juros. "A reversão das expectativas de inflação e os controles fiscais estão sinalizando para uma consistente tendência de queda das taxas de juros", afirmou Lula, durante evento com empresários franceses.
O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne na próxima semana para decidir sobre a taxa básica de juros da economia brasileira (Selic).
Lula afirmou também que o crescimento da economia brasileira será sustentável: "Pela primeira vez na história recente brasileira, os indicadores macroeconômicos mantêm uma tendência virtuosa. Não estamos condenados a ciclos de crescimento curtos, interrompidos, por exemplo, por turbulências na taxa de juros".
Lula falou ainda para alunos e professores da Universidade de Sorbonne, em Paris, por mais de meia hora, sobre o papel do Brasil no cenário internacional. A universidade promove, desde terça-feira, o Colóquio Brasil: Ator Global.
O presidente citou os esforços do governo na construção de um comércio internacional mais justo e no combate à fome e à pobreza mundiais. Ele destacou que essa não é uma responsabilidade apenas do Brasil, mas de todas as nações. "O problema da fome e do subdesenvolvimento não será resolvido apenas pelas forças de mercado", ressaltou.
Para Lula, os subsídios agrícolas, concedidos em especial pelas nações mais ricas, são um dos fatores que permitem a perpetuação da fome no mundo. "Não é humano e racional que uma vaca tenha um subsídio superior à renda individual de centenas de milhões de homens e mulheres espalhados pelo mundo", disse.
De acordo com Lula, estudo do Banco Mundial constatou que a liberalização do comércio agrícola significaria um faturamento extra global de US$ 200 bilhões, que poderia retirar mais de 500 milhões de pessoas da linha de pobreza.
"O Brasil quer que sua voz seja cada vez mais ouvida no plano internacional, mas queremos também ouvir as vozes de outros países para identificar interesses comuns, intensificar o diálogo e a cooperação", acrescentou.
Lula pediu ainda atenção ao continente africano. "Está na hora de todos nós fazermos um sacrifício para dar oportunidade à África de se desenvolver", disse.
O presidente reafirmou que a integração da América do Sul é uma das prioridades da política externa brasileira. "Nenhum outro governo brasileiro usou a aproximação com nossos vizinhos com tanta intensidade", disse.
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