O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje que vai trabalhar, após deixar a Presidência, pelo fortalecimento dos partidos chamados de esquerda. Ao inaugurar o Centro de Referência do Trabalhador Leonel Brizola, posto do ministério do Trabalho, em Brasília, Lula afirmou que a passagem pelo governo o tornou mais experiente. "Eu virei outro homem, muito mais experiente e sabedor das coisas", afirmou. "Vou trabalhar muito por uma força mais forte e homogênea que represente a esquerda", continuou.
Antes do discurso do presidente, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que briga nos bastidores para permanecer no cargo no futuro governo, elogiou Lula e Brizola. Lula aproveitou a ocasião para contar histórias de sua relação tensa e confusa com Brizola.
Lula afirmou que, na campanha de 1989, quando foi para o segundo turno com Fernando Collor, Brizola propôs que ele, Lula, retirasse sua candidatura para apoiar Mário Covas, do PSDB. Ao final, Brizola acabou apoiando Lula.
Depois, de forma bem humorada, Lula contou que, na disputa de 1998, com Brizola ao seu lado como vice, foi a São Borja (RS) visitar o túmulo do ex-presidente Getúlio Vargas, ídolo de Brizola e personalidade criticada pelo movimento sindical paulista, do qual Lula era oriundo.
"Fiquei admirado com a admiração de Brizola pelo Getúlio. O Brizola começou a conversar com Getúlio e eu fiquei espantado. Depois, ele me disse: 'Lula, quer conversar com Getúlio?'." Em seguida, disse o presidente, Brizola lhe deu um buquê de flores, que lhe respondeu: "Brizola, eu não quero conversa."
"O Brizola, Lupi (referindo-se ao ministro do Trabalho), me apresentou ao Getúlio e ainda disse: 'Getúlio, aqui está um operário que você não foi e eu não fui'." O presidente arrancou risos da plateia, formada por deputados do chamado baixo clero do PDT e por "viúvas" do brizolismo, como são chamados em Brasília antigos sindicalistas e aliados de Brizola que transitam em torno de Carlos Lupi, quando disse: "Esse Brizola transcendeu."