O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira (14) em depoimento à Justiça Federal, que é vítima “de quase um massacre”. O interrogatório de Lula começou por volta das 10h10 e durou cerca de 45 minutos. Esta é a primeira vez que o ex-presidente é questionado em juízo como réu em ação penal relacionada à Operação Lava Jato. O petista é acusado de ser o mandante da tentativa de compra do silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.
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Segundo Lula, todos os dias são publicadas notícias de que ele será citado em novas delações premiadas, o que gera apreensão. “Nos últimos anos tenho sido vítima quase de um massacre”, lamentou. Ele também afirmou acordar todos os dias com medo de a imprensa estar em sua porta achando que ele seria preso. “O senhor não sabe como é acordar todos os dias com medo de a imprensa estar na porta da sua casa achando que você vai ser preso”, afirmou o petista ao juiz federal Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara Federal.
O ex-presidente ainda aproveitou para fazer autopromoção. Ele afirmou que, apesar do volume de notícias de cunho negativo a seu respeito, seu desempenho em sondagens eleitorais continuará incomodando opositores. “Vou matar eles de raiva, porque em todas as pesquisas vou aparecer na frente”, declarou.
O que falta para Lula ser preso
Lula também defendeu que o seu governo incentivou o combate à corrupção e a independência das instituições. “Cansei de ver instituições que ajudei a criar desprestigiadas por opinião pessoal (...) . Hoje as pessoas não podem nem ver a luz da geladeira que já saem dando declarações”, afirmou.
Em provocação aos promotores da Força Tarefa da Lava Jato, o ex-presidente também afirmou que “cansou de ver autoridades dizendo que “não têm provas, têm convicções”. A fala relembra a declaração do procurador Deltan Dallagnol que disse ter convicção da participação de Lula em esquema criminoso e que a força-tarefa não terá provas cabais contra ele.
“Me ofende profundamente a acusação de que o PT seria uma organização criminosa.”
Na parte do depoimento em que falou sobre o caso de Cerveró, o ex-presidente negou as acusações de Delcídio. Disse que os dados da acusação feita pelo ex-senador Delcídio Amaral contra ele são “falsos”. Lula ainda disse não entender qual foi o objetivo do ex-senador em contar tantas “inverdades” e insinuou que Delcídio teria firmado o acordo de delação apenas para sair da cadeia e jogar a culpa “nas costas” dos outros.
“Só tem um brasileiro que poderia ter medo do depoimento do Cerveró, que é o Delcídio. Ele já tinha convivência com Cerveró antes do meu governo. Todo mundo sabia da relação histórica dos dois”, contou o ex-presidente ao juiz.
O ex-presidente afirmou ainda que não conhece Cerveró e que não tinha convivência com ele. Também se defendeu e afirmou não que tinha receio do depoimento de nenhum diretor da Petrobras porque não tinha relação com eles.
“Estou aqui para responder toda e qualquer pergunta. Se tem um brasileiro que quer a verdade sou eu”, declarou no início do interrogatório. Ele iniciou a sua fala relembrando a história do PT como partido político e conquistas do seu governo. “Me ofende profundamente a acusação de que o PT seria uma organização criminosa”, declarou.
* Atenção: O trecho acima foi corrigido pois continha incorreção. Ao contrário do que o foi noticiado anteriormente, o ex-presidente Lula não afirmou, em nenhum momento do seu depoimento, que temia ser preso.
Veja o depoimento de Lula em vídeo, obtido pelo jornal O Estado de S. Paulo
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